31.5.04

Avarias

Tenho o computador engripado; aquece demasiado e desliga-se sozinho. Uns dias melhora, outros dias piora; não posso ter muitas janelas abertas ao mesmo tempo nem utilizar o leitor de cds, se não, o mais certo é desligar-se num instantinho.
Penso que seja o sistema de refrigeração mas como não percebo nada de computadores, ainda tenho esperanças que a doença seja outra e de cura bem mais fácil. É que nem quero imaginar quanto me vai custar este arranjo…

30.5.04

E pronto...

... já está!

28.5.04

Deveres adiados

Deveria acabar já hoje o relatório, ou, pelo menos, adianta-lo um pouco mais. Deveria corrigir a enorme quantidade de fichas que se têm vindo a acumular na minha secretária, deveria ir já preparar as aulas da semana que vem.
O intervalo entre o dever e o querer, é muito grande. Mas maior é ainda aquele que separa o dever do poder. E é por isso, que hoje não me sinto capaz de nada.
Talvez tenha sido a semana mais cansativa destes últimos tempos: começou com as aulas para os miúdos, passou pelo acompanhamento das estagiárias no trabalho de sala de aula e por algumas reuniões que apareceram à última da hora e acabou na montagem de uma exposição da escola para a Mostra de Projectos Educativos que a Câmara Municipal da cidade está a organizar. E tudo isto com uma boa dose final de trabalho noctívago para adiantar o relatório de avaliação de desempenho docente… Mas também quem me mandou a mim ir fazer duas horas seguidas de ginástica mesmo no final da semana?
Amanhã volto ao trabalho.

um poema

[um dos mais belos]

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

27.5.04

Coincidências (?)

Ontem à noite, no leitor de cds.
Hoje de manhã, na rádio.
Agora à tarde, no Cotonete.

[Esta música persegue-me]

A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos

A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá

o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste".

Sérgio Godinho

26.5.04

etsduo

Sguedno um etsduo da Uinvesriadde de Cmabgirde, a oderm das lertas nas pavralas não tem ipmortnacia qsuae nnhuema. O que ipmrtoa é que a prmiiera e a utlima lreta etsajem no lcoal cetro. De rseto, pdoe ler tduo sem gardnes dfiilcuddaes... Itso é prouqe o crebéro lê as pavralas cmoo um tdoo e nao lreta por lerta.

Isto só é mais uma prova de que o método global de aprendizagem da leitura e da escrita tem muito mais sentido para as crianças do que o método analítico-sintético.


[...]

[Passar as mãos pelos olhos]

[Respirar fundo]

[E lembrar-me que os dias não são todos iguais]

25.5.04

Nas traseiras...

...da minha casa abriu um bar de alterne. O mais engraçado é que o actual dono deste "estabelecimento" não mudou o nome da antiga casa (um restaurante) e apenas acrescentou mais duas palavras à anterior designação ficando assim - A ............ está diferente. Ah, pois está! E de que maneira...

Mas... porque é que será que não se vêem entrar ali homens sozinhos? Normalmente, chegam em grupos de três ou mais e todos juntos no mesmo carro. Chegam por volta das cinco/seis horas da tarde, provavelmente depois de terem saídos dos seus empregos, e a grande maioria veste fato e gravata. Se são casados ou solteiros isso não sei, mas como a grande parte aparenta ter mais de quarenta anos, penso que quase todos sejam casados.
De vez em quando elas vão buscá-los à porta. São mulheres bonitas (umas mais do que outras), entre os vinte e os quarenta anos. Usam muita maquilhagem - os lábios muito vermelhos e as pálpebras superiores dos olhos sempre muito coloridas. A roupa, demasiado evidente, demasiado curta, demasiado brilhante. Cumprimentam os homens como se os conhecessem há muito tempo e dão abraços que se percebem pouco verdadeiros. Falam muito alto e o sotaque não esconde as suas origens transatlânticas. Parecem simpáticas ou fingem sê-lo.
É um jogo de mentiras e falsos afectos onde todos sabem o papel a desempenhar. Nada mais.

Uma imagem

Uma das minhas preferidas.



Luiz Carvalho

23.5.04

Falando de escola

Gostei desta iniciativa da Escola da Ponte. E já me inscrevi.

Domingo de manhã.

A sala de convívio do IPO parecia um berçário. Os meninos mais crescidos preferiram ficar nos quartos e só os mais pequeninos estiveram connosco a brincar.
O A., de cinco anos, estava com um sorriso enorme e fez-nos andar a apanhar do chão as rãs que saltavam constantemente do seu jogo a pilhas. A M., de nove meses, esticava os braços e choramingava para sair do carrinho enquanto a tentávamos distrair com uns bonecos que trazia com ela. A M., de dois anos, não disse nada. Olhava-nos com aqueles olhos enormes e escuros e só apontava para as folhas de desenho e para os lápis de cera. A A., de dezoito meses, parecia uma bonequinha no seu vestido cor-de-rosa e nem a operação a que foi sujeita durante esta semana a fez ficar quietinha no seu canto.

Hoje gostei especialmente de ir ao IPO. Vi mais sorrisos que nos outros dias, vi mais ternura entre pais e filhos, vi muita esperança no ar. E isso é muito bom.

Ainda...

...gostava de perceber porque é que é a estas horas da noite que me dá uma daquelas vontades de conversar...

22.5.04

Outros versos...

...vindos directamente da Feira do Livro.

(...)

E o amor é uma asa
esvoaçando sobre nós
a polvilhar de ternura
os timbres da nossa voz.

(...)

José Jorge Letria
in Versos para os Pais Lerem aos Filhos em Noites de Luar, Ambar, Lisboa, 2003.

...

Sábado à tarde.
Definitivamente, não é dia para ficar em casa. Vou passear, vou ver livros.

21.5.04

J.P.

(...)

Desta vez vou construir uma cama de espuma
adequada à função de voar
com limpa pára-nuvens
mesmo à altura do teu olhar

(...)

[Há versos (quase) perfeitos]

Hapiness

[Porque a velhice pode ser muito solitária...e triste também]

...um texto que encontrei aqui...

"Passo a vida aqui sozinha, a ver-vos chegar através do postigo, atenta às campainhas dos comboios e à badaladas do relógio de parede, tic tac tic tac tic tac tic tac, em ânsias por causa do arroz no forno e do molho do guisado, que se coalha já não presta para nada e depois não tenho outro remédio senão deitá-lo às galinhas, juntamente com folhas de couve e hortaliça cortadas aos bocados. Os comboios nunca vêm à tabela, um ou dois minutos antes ou depois da hora, mas nunca àquela anunciada pela voz de homem que irrompe em eco pela estação e à qual já me habituei depois de tantos e tantos anos a ouvi-la sem resposta.
(Vai dar entrada na linha número dois o comboio com destino a Lisboa-Santa Apolónia, com paragem em todas as estações e apeadeiros.)

A minha filha prometeu-me que aparecia aí hoje para me trazer as receitas do médico e arranjar-me a bainha de uma saia. Garante-me que estou muito doente e preciso de tomar aqueles comprimidos todos, amarelo, branco, laranja e rosa, mas acho que ela julga mesmo que estou a ficar maluca, porque quando fala acerca de mim às outras pessoas desvia a cara para o lado, por modo a que não a fite de frente, e começa a segredar baixinho, a tapar a boca com a palma da mão, como se estivesse a falar ao telefone.

(A minha mãe não se lembrava de quem eu era quando aqui cheguei.)

Fico numa pilha de nervos sempre que estou à espera dela, aperto o terço com força nos dedos e rezo a Nossa Senhora para que a deixe despachar-se em paz e o mais rápido possível, antes que a carne esfrie na panela e tenha de aquecê-la no bico do fogão com o lume a soprar no mínimo.

(Hoje sonhei que tinha levado a minha mãe à praia e uma onda a tinha engolido, coitadinha.)

A minha filha é telefonista em Mem-Martins e vive com o meu neto mais velho, o qual já não vejo há uma data de tempo, às vezes até me custa um pedaço lembrar-me da cara dele, não fossem as fotografias em parada em cima do psiché, as quais me fazem companhia no intervalo entre a missa e a novela, além de me recordarem em silêncio que os sorrisos existem quando dou por mim a pensar maluqueiras junto ao aquecedor. O meu neto é aquele ali, de fato e gravata, com o cabelo arrepiado, ao lado do meu genro barbudo, formou-se doutor faz agora um mês, parece que sabe tratar malucos, embora não acredite que possa fazer alguma coisa por mim, senão de certeza que já tinha vindo aí visitar-me para prescrever-me uma data de ampolas e injecções que fizessem bem à cabeça. Praticamente, fui eu que o criei, com muito custo e sopa de cenoura e feijão verde, um calmeirão mal agradecido que hoje só aparece aqui em casa se a mãe o obrigar, puxando-o pelo braço como se fosse um miúdo pequeno.

(Se faz favor telefona à tua avó a agradecer-lhe as peúgas.)

O pior é quando ninguém surge do outro lado da janela. Quando o vozeirão antecede o último comboio da noite e não me restam novelas na TVI, padres a pregarem no ecrã ou o programa do Armando José aos domingos à noitinha. Quanto tal acontece, corro para a cozinha a bater as socas no soalho, levanto a tampa do tacho e vêm-me as lágrimas aos olhos ao contemplar aquela pasta gordurosa que cobre o naco do lombo, depois do trabalho todo que tive a temperá-lo e do mal que me faz aos ossos abrir a arca congeladora para tirar a carne de lá de dentro."

Miguel Marques, 25 anos, Lisboa

A propósito...

...deste post.

De facto é frequente ouvir esta expressão na sala dos professores, principalmente quando querem comparar o sistema educativo que existia antes do 25 de Abril de 1974 com o actual.
Mas o mais grave, é utilizarem e valerem-se do que já passou, para não permitirem que a legislação actual seja aplicada quando existia toda a legitimidade para tal acontecer. Foi o que se passou com uma colega minha que no ano passado mudou de escola, porque o conselho escolar disse-lhe atempadamente e enquanto ainda estava grávida que não iria permitir que ela gozasse a hora de amamentação ou aleitamento a que tinha direito.
É que no tempo das colegas mais velhas, essa hora não existia e portanto, as colegas mais novas teriam de sofrer na pele as mesmas dificuldades...
É caso para dizer que é fácil passar por cima da legislação quando há muitos professores do mesmo lado... só é pena que isto aconteça quase sempre em prol daqueles que não merecem.

19.5.04

Inacreditável

Hoje, um amigo meu dirigiu-se ao Centro de Saúde da sua zona de residência com o intuito de ir a uma consulta (marcada há mais de um mês) com a sua médica de família.
Queria fazer alguns exames pois já não fazia um check-up há mais de três anos e foi isso mesmo que referiu à sua médica. No entanto... qual não é o seu espanto quando a médica lhe diz que ele não precisava de fazer quaisquer exames, que era uma pessoa muito nova e saudável. E mais... se quisesse fazer análises ao sangue, que fosse doá-lo pois os resultados dessa análise ser-lhe-iam entregues.
Depois de muito insistir, a médica ainda gozou com ele à frente de uma outra colega que também partilhava com ela da mesma opinião referindo também que era uma pessoa jovem.

Fiquei estupefacta quando ele me contou esta história. Não quis acreditar porque achei quase impossível que dois médicos fossem capazes de dizer o que disseram!
Fala-se tanto em medicina preventiva, na necessidade de fazer exames atempadamente para evitar situações desagradáveis e depois, são os próprios médicos que nem sequer cumprem aquilo que era de seu dever!
É por isso que ele vai apresentar uma queixa ao Director do Centro de Saúde e, provavelmente, fará o mesmo para a Ordem dos Médicos.

Os primeiros caracóis do ano

Sabe mesmo bem passar a tarde numa esplanada, com duas travessas de caracóis e alguns (bons) colegas de trabalho numa conversa bastante animada e sem a escola por perto.
Aos caracóis faltava algum picante e mais orégãos, mas as bebidas fresquinhas compensaram essa falha e a boa-disposição de todos foi a chave para acabar o dia da melhor maneira.

18.5.04

Hoje na sala de aula...

... falou-se de vergonha.



A., 7 anos




D., 7 anos

17.5.04

...



2002

Uma água tónica com limão e a tua companhia.

...

Apetece-me fazer tudo menos aquilo que tenho para fazer.

16.5.04

...

E esta é a horta de que falei no outro dia...



2004

Em tempos...

...que já lá vão, gostei muito de futebol. Posso dizer que até era uma paixão. Seguia atentamente todos os jogos, mesmo os da nossa SuperLiga, sabia os nomes de todos os jogadores e até utilizava algum vocabulário próprio deste desporto nas minhas discussões com os meus tios e primos. Felizmente nunca caí no ridículo de utilizar aquelas expressões à la Jorge Perestrelo como Ripa na rapaqueca ou a famosa revienga.
Adiante.

Hoje em dia o futebol já me diz pouco. Gosto de ver a Selecção Portuguesa jogar e até estou ansiosa por ver a sua prestação no Euro 2004. Mas, em relação aos jogos entre clubes, já não consigo sequer olhar para o televisor e perder o meu tempo a ver todas aquelas rivalidades estúpidas dentro e fora do campo onde alguns jogadores e colegas de selecção se maltratam uns aos outros e os técnicos e dirigentes andam constantemente a provocar-se.
É por isso que hoje não quero nem me apetece ver a Final da Taça de Portugal. Tenho mais que fazer.

15.5.04

...



Cascais, 2001

O amor também pode ser um sentido proibido.
Já tenho os comentários no sítio certo e até recebi um bónus extra! Deram-me as dicas certas para fazer desaparecer aquela publicidade irritante que aparecia no topo da página.
Obrigada, João!

A minha...

...bênção de fitas foi precisamente há cinco anos. Foi uma cerimónia bonita no Mosteiro dos Jerónimos com missa e cânticos entoados por (quase) todos os alunos da minha faculdade que conseguiram comover todos os presentes, mesmo aqueles, que como eu não têm por hábito participar em cerimónias religiosas.
Lembro-me que o ponto alto da cerimónia foi o soltar as fitas da capa e agitá-las no ar. Um gesto cheio de simbolismo, um gesto de uma vitória que não foi só minha mas também dos meus pais, por tudo aquilo que me proporcionaram e ofereceram.

Amanhã é o dia da minha irmã. Amanhã é ela que vai sentir tudo isso quando levantar a capa no ar e agitar as fitas. Amanhã, mais do que nunca, ela vai perceber que esta dia simboliza apenas uma etapa de uma viagem que ainda mal começou.
E só espero que essa sua viagem seja tão intensa e recompensadora como tem sido a minha.


14.5.04

Dia de mudanças

Só falta colocar os comentários acima da linha que separa os posts. Se alguém me souber dizer como fazê-lo...agradeço.

12.5.04

Mais um dia.

E este foi muito cansativo.
Hoje e depois de esperar meia hora para que copiassem o plano diário do quadro, fomos plantar cebolo (umas plantinhas que mais tarde darão origem às cebolas) na horta que improvisámos ao lado da nossa sala de aula. São dois metros quadrados de terra dentro de um canteiro feito de tábuas que eu e uma colega pedimos à Junta de Freguesia para nos arranjar.
Já temos Dálias e Lírios, agrião, salsa, girassol e segurelha. E estamos à espera que os coentros e os rabanetes cresçam.
A agitação foi total, como podem imaginar. Todos quiseram colocar uma plantinha na terra e aconchegá-la com os dedos. Pouco tempo depois alguns já estavam distraídos e brincavam, outros, os mais interessados, ouviam com atenção o que ia dizendo e cumpriam rigorosamente todas as regras.

De volta à sala.

A agitação continuava. Foi difícil acalmá-los, tive de elevar várias vezes a voz. Tive mesmo de me aborrecer. Andam numa fase em que fingem não me ouvir… é preciso repetir cinco vezes seguidas o mesmo discurso para levar avante as actividades do dia. É desgastante. E hoje, confesso, também não estava nos meus melhores dias.
Seguiu-se o Trabalho de Projecto; andamos a estudar os animais.
Cada grupo de quatro crianças escolheu um animal para estudar – golfinho, tubarão, camaleão, águia e rã. A maior parte dos meus alunos surpreendeu-me (mais uma vez) com os aspectos que já sabiam de todos estes animais. Fiquei contente, muito contente mesmo.
Fizemos uma tabela onde registámos as principais características destes animais: classe, habitat, alimentação, revestimento, deslocação e outras particularidades. Por esta altura, já todos os grupos solicitavam a minha presença ou porque não conseguiam escrever determinada palavra ou então porque tinham dúvidas em relação aos aspectos que tinham que referir. Aqui, foi difícil conseguir manter a serenidade entre eles. Ainda têm muita dificuldade em esperar e em ouvir os colegas…

Por fim, ainda trabalhámos Língua Portuguesa. Fizemos um jogo que consistia em descobrir algumas palavras dentro de outras palavras. Para alguns não foi fácil, outros perceberam imediatamente e no fim já me diziam outras palavras que podíamos ter utilizado no jogo.

No fim da aula, a minha aluna mais nova chegou-se ao pé de mim e deu-me um abraço e um beijinho que me deixou enternecida e sem palavras…
Haverá melhor forma de acabar um dia de trabalho?

11.5.04

É incrível...

...como os Mestrados em Ciências da Educação, nas Universidades públicas de Lisboa, estão (quase) exclusivamente dirigidos a professores de 2º e 3º ciclo e secundário. Os horários apresentados por qualquer faculdade que possua estes mestrados são completamente incompatíveis com os horários de trabalho de um professor de 1º ciclo de um educador de infância.
Assim, restam poucas hipóteses a quem gostaria de estudar um pouco mais. :(

Los Amorosos

Los amorosos callan.
El amor es el silencio más fino,
el más tembloroso, el más insoportable.
Los amorosos buscan,
los amorosos son los que abandonan,
son los que cambian, los que olvidan.

Su corazón les dice que nunca han de encontrar,
no encuentran, buscan.
Los amorosos andan como locos
porque están solos, solos, solos,
entregándose, dándose a cada rato,
llorando porque no salvan al amor.

Les preocupa el amor. Los amorosos
viven al día, no pueden hacer más, no saben.
Siempre se están yendo,
siempre, hacia alguna parte.
Esperan,
no esperan nada, pero esperan.

Saben que nunca han de encontrar.
El amor es la prórroga perpetua,
siempre el paso siguiente, el otro, el otro.
Los amorosos son los insaciables,
los que siempre -¡que bueno!- han de estar solos.
Los amorosos son la hidra del cuento.

Tienen serpientes en lugar de brazos.
Las venas del cuello se les hinchan
también como serpientes para asfixiarlos.
Los amorosos no pueden dormir
porque si se duermen se los comen los gusanos.
En la oscuridad abren los ojos
y les cae en ellos el espanto.
Encuentran alacranes bajo la sábana
y su cama flota como sobre un lago.

Los amorosos son locos, sólo locos,
sin Dios y sin diablo.
Los amorosos salen de sus cuevas
temblorosos, hambrientos,
a cazar fantasmas.
Se ríen de las gentes que lo saben todo,
de las que aman a perpetuidad, verídicamente,
de las que creen en el amor
como una lámpara de inagotable aceite.

Los amorosos juegan a coger el agua,
a tatuar el humo, a no irse.
Juegan el largo, el triste juego del amor.
Nadie ha de resignarse.
Dicen que nadie ha de resignarse.
Los amorosos se avergüenzan de toda conformación.
Vacíos, pero vacíos de una a otra costilla,
la muerte les fermenta detrás de los ojos,
y ellos caminan, lloran hasta la madrugada
en que trenes y gallos se despiden dolorosamente.

Les llega a veces un olor a tierra recién nacida,
a mujeres que duermen con la mano en el sexo,
complacidas,
a arroyos de agua tierna y a cocinas.
Los amorosos se ponen a cantar entre labios
una canción no aprendida,
y se van llorando, llorando,
la hermosa vida.


Jaime Sabines


...
...
...

10.5.04

...

Ao ler este texto, por momentos, julguei estar novamente enredada no livro Como água para chocolate. E fiquei com vontade de provar o pão-de-ló. Saiu bem, Ana?

8.5.04

De cama

E este mal-estar que não se vai embora!

Penso que esteja com uma intoxicação alimentar... lembrei-me agora que comi salsichas frescas na quinta-feira.

7.5.04

Por falar...

...em bolos de arroz...

Quando era pequena, mastigava o papel do fundo desses bolos... vá-se lá saber porquê...

...

sabe bem. regressar a um livro. como se regressa a um lugar que amamos desde sempre.
alguns livros foram durante muito tempo a minha casa.


Alexandre
in Os Espelhos Velados

Hoje, talvez tenham sido estas as palavras com mais sentido que consegui ler.

6.5.04

Dinheiros

Hoje, falou-se de dinheiro na sala de aula.
Quase todos já conheciam as moedas e as notas existentes, quase todos conseguiram fazer cálculos mentais com os valores das moedas e também conseguiram estabelecer equivalências entre todas as moedas e algumas das notas com valor mais baixo.

A certa altura e depois de ter reparado que o livro de Matemática não trazia moedas destacáveis de cinquenta cêntimos, faço-lhes a seguinte pergunta:

Imaginem que eu só tinha na carteira essas moedas que estão em cima da mesa. Se eu quisesse pagar um café que me custou cinquenta cêntimos, como fazia?

Imediatamente, o M. levanta o braço e responde com a maior das naturalidades:

- Pagavas com o Multibanco.

Não pude deixar de sorrir.
Talvez o M. não estivesse com atenção à aula ou talvez tivesse sido eu que me expliquei mal. Não era essa a resposta que eu queria; preferia que ele me tivesse dito que utilizava duas moedas de vinte cêntimos e uma de dez cêntimos, ou então, cinco moedas de 10 cêntimos.
Mas também não consigo dizer que não teve alguma razão, porque de facto, utilizar o Multibanco também é uma possibilidade nestes casos.

Surpreendeu-me a resposta. É só mais uma prova de que tudo aquilo que é referente às novas tecnologias é rapidamente assimilado e compreendido pelas crianças, mesmo as mais novas.
Só não sei se isso tem mais vantagens que desvantagens.

...

Acabei de comer a última bolacha Oreo do pacote. Num espaço de duas horas comi um pacote inteiro de bolachas Oreo!
Isto não é normal...
É nestas alturas que desejo ardentemente que os dias da ginástica cheguem mais depressa para me poder redimir destes pequenos (grandes) pecados.

[só espero não ficar mal-disposta...]

5.5.04

A voz sem jeito

Há publicidade muito mal feita em Portugal.

Já repararam no anúncio que há várias semanas passa na televisão, para a compra de uma bandeira de Portugal?
Já repararam na falta de entoação de quem dá a voz ao anúncio?
É que continua a ser mais fácil e mais rentável utilizar uma estrela do futebol português (ou espanhol?) mesmo que não consiga colocar bem a voz e fazer a entoação indicada para um anúncio referente ao Euro 2004, do que encontrar alguém com as características indicadas para este tipo de trabalho mas que não seja conhecido nem tenha qualquer ligação a este desporto. É o chamado peso da imagem.
Só me surpreende como é que essas pessoas e neste caso, o Figo, não tenha a consciência que as suas qualidades não são assim tão abrangentes. E, decididamente, a colocação e entoação de voz não fazem parte do seu leque de características positivas.

4.5.04

...



2001

Não. Não é igual à outra. É parecida.

[desabafo]

Que mania esta de sofrer por antecipação! Bolas!

3.5.04

A segunda-feira...

...não podia ter começado da melhor...
Ora vejam:

Novo e agravado caos nos Concursos exige a demissão da Equipa do Ministério da educação

1. As informações recolhidas pela FENPROF e seus Sindicatos, após a divulgação por parte do Ministério da Educação das listas provisórias dos concursos dos educadores e professores dos ensinos básico e secundário, mostram que este ano os erros cometidos pelas estruturas do ME ultrapassam tudo o que é possível imaginar estando a gerar um verdadeiro caos nas escolas e entre os docentes.
Alguns exemplos da inaudita incompetência do Ministério da Educação:
a) exclusão de todos os candidatos das Regiões Autónomas cujo único “erro� foi terem cumprido as instruções oficiais para preenchimento dos boletins;
b) foram excluídos do concurso mais de 7.200 candidatos do 1º CEB sem razões visíveis;
c) o mesmo aconteceu a 2.500 educadores de infância:
d) completa subversão da lista ordenada dos candidatos não excluídos por, entre outros motivos, não ter sido considerado o tempo de serviço;
e) situação de candidatos cujo nome não consta em nenhuma das 2 listas e de outros que surgem na lista graduada e na lista dos excluídos.
2. Perante esta situação a FENPROF e os seus Sindicatos exigem a imediata retirada das listas e sua rigorosa correcção.
3. A incompetência desta equipa ministerial, já demonstrada em anteriores situações de concurso e profundamente agravada neste, torna imperiosa e inevitável a exigência nacional da demissão dos responsáveis políticos pelo Ministério da Educação.
4. A FENPROF apela à participação dos educadores e professores na concentração nacional marcada para amanhã, 3ª feira, pelas 15.30 horas, junto ao Ministério da Educação, na Av. 5 de Outubro.


O Secretariado Nacional da FENPROF


Sim, eu também fui excluída do concurso. Aos olhos do Ministério da Educação, não escrevi a minha média final de curso no boletim de candidatura, mas sei que o fiz e tenho uma cópia do boletim para o comprovar.
Há ainda situações de colegas minhas que não têm tempo de serviço contado quando, na realidade, já trabalharam mais de cinco anos seguidos e agora aparecem na lista como se nunca tivessem trabalhado.

Não sei onde isto vai parar, não sei mesmo. Os professores limitaram-se a seguir as instruções dadas pelo Ministério da Educação e agora ocorrem todos estes enganos.
Estou curiosa como vai o Sr. David Justino resolver esta situação.

2.5.04

A minha primeira bicicleta



2001

Às vezes irrita-me este meu apego ao passado mas... ainda não fui capaz de a deitar fora.

Ainda o almoço

Este post é especialmente para o Altino

Tens um vlog?
(mas isto dito com sotaque portuense)

Eu disse-te que não me esquecia
: )

...

Cheguei há bocado a Lisboa.

Estou cansada mas valeu a pena. Foi bom voltar ao Porto.
Adorei o almoço!