30.8.03

Gritos



O Grito, Eduard Munch, 1893

Acabei de ler um dos textos do Monologo. Um texto que fala na morte de uma senhora, uma morte com vontade própria, um suicídio.

Recordei-me de um dia deste Inverno que passou. Era quinta-feira, as aulas játinham terminado e, como sempre fazia nesse dia, segui caminho em direcção ao Cube de Natação. Enquanto caminhava paralelamente à  linha de comboio, apercebi-me que junto a uma das passagens superiores, havia alguma agitação. Quando me aproximei vi um rapaz pendurado do lado de fora do gradeamento da passagem, pronto a saltar para a linha de comboio. Parei. Era impossível ficar indiferente...
Junto a mim estavam também algumas pessoas que, como eu, nada diziam ou faziam. No entanto, de dentro de uma escola gritavam vários jovens, tentando incentivar o rapaz a saltar. E nem o facto das pessoas os mandarem calar fez com que os seus gritos abrandassem. Como é que é possível incentivar o sofrimento alheio?
A situação não se agravou porque, entretanto, chegaram ao local vários polícias que, discretamente e sem que o rapaz desse conta, se aproximaram e o agarraram puxando-o para um local seguro.
Confesso que suspirei de alívio, mas fiquei incomodada com aquela imagem durante todo o dia. O que terá levado o rapaz a agir desta forma? Será que alguém o ajudou? Será que as pessoas se apercebem que as tentativas de suicído não são mais do que pedidos de ajuda ou gritos de desespero?

O psiquiatra Daniel Sampaio tem um livro sobre este assunto intitulado Ninguém Morre Sozinho. Mas eu acho que há cada vez mais pessoas a morrer sozinhas, por suicídio ou não.

Pronto, eu digo...

Alguns de vocês acertaram...

É em Évora, mas não são as arcadas da Praça do Giraldo.
Pelas minhas contas tenho quatro rebuçados para oferecer, só falta dizerem-me o sabor que preferem.

Reler...

...não é repetir, é renovar constantemente um infatigável amor.

Daniel Pennac
in Como Um Romance

29.8.03

Adivinhem...



Maio 2002

Dou um rebuçado a quem adivinhar onde fiz esta fotografia... ;o)

Há...

...palavras roubadas que nunca mais voltam a pertecer a quem as escreveu. Há sentimentos doridos causados por atitudes de quem não sabe o que faz. Há quem o permita. E nessas alturas não há mais palavras que sirvam para curar as humilhações de quem nada pode fazer. E há quem nunca perceba que essas feridas doem no coração.

28.8.03

Mar



Cascais, Maio 2001

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

Sophia de Mello Breyner Andresen
in Poesia, Antologia, Moraes Editores, 1970.

3:34

Devia deitar-me... eu sei...
Já é tarde, os sons agora são outros e os meus pensamentos começam a não ter lugar nas palavras que escrevo.
Podia estar aqui a noite inteira, permanecer nesta escuridão que me lava a alma, sentar-me sob os meus sonhos, rever o meu passado e anotar tudo o que não quero para o futuro. Mas seria demasiado previsível... Prefiro deixar-me ir...
Boa noite.

Esta noite...

...Marte foi apenas um círculo laranja que se aproximou um pouco mais de nós.

E, pelo que constatei, desiludiu muitas pessoas.

27.8.03

Finalmente!

Provei a luxúria e...


... não gostei.

A vingança continua a ser o melhor pecado.

Mais música(s)...

One, U2
Dance Me to the End of Love, Leonard Cohen
Cucurrucucu Paloma, Caetano Veloso
O Meu Amor Existe, Jorge Palma
No More I Love You's, Annie Lennox
Problema de Expressão, Clã
Summertime, Ella Fitzgerald /Louis Armstrong
Santa Maria, Gotan Project
Solta-se O Beijo, Ala dos Namorados /Sara Tavares
I Will Be Blessed, Lisa Ekdahl
The Heart Asks Pleasure First/ The Promise, Michael Nyman

Agora...

...apetecia-me ouvir o Bolero de Ravel...

26.8.03

Memórias

Hoje trouxe as memórias à superfície de mim. Enrolei-as num grande novelo e com elas teci um caminho percorrido a dois.
Lembrei-me das palavras que nunca ficaram gastas e da vontade de engolir o calor das pessoas, dos locais e dos momentos. Lembrei-me dos gestos, das esperas encerradas em silêncios fictícios e dos dias em que corríamos com as marés.
Recordei as certezas que tinha e aquelas que tu me mostravas quando abrias as mãos sem medo.

E no fim, lembrei-me que não posso fazer do passado um oásis que me mate a sede que ainda tenho de ti.

Certeza #2

Não quero levar comigo quem se abandona ou quem nunca se dá.

25.8.03

...



Novembro 2001

Um no Outro

imensamente nos deitamos um no outro
e não mais nascemos para a mão escura
que tapa o sol e afaga a lua

estamos como se tudo estivesse connosco
e connosco estivesse os nomes que primeiro se deram
flor rio azul estrela terra

Vasco Gato
in Um Mover de Mão


Estrelas, Constelações e Planetas

Na sexta-feira não vi muitas estrelas, o céu estava demasiado nublado e havia muita luz mas, para além das constelações já nossas conhecidas (Ursas Maior e Menor) ainda observei o Triângulo de Verão formado pelas estrelas Vega, da constelação Lira; Deneb, da constelação Cisne e Altair, da constelação �guia. Vejam aqui e quando puderem, tentem localizá-lo.

Também aprendi algo muito interessante. A Terra possui mais do que dois movimentos, há um terceiro movimento - o movimento de precessão. É devido a esse movimento que daqui a muitos anos, a estrela que presentemente nos indica o Norte - Estrela Polar - deixará de o fazer pois estará noutro local.
Ora leiam.

No dia 27 de Agosto espero conseguir ver Marte...
E sugiro que façam o mesmo.

24.8.03

...



Abril 2002

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
in Livro dos Conselhos

23.8.03

Certeza #1

Acredito que é possível fotografar com palavras e escrever com imagens.

3:31

Chego tarde e não está ninguém à  minha espera. Ninguém.
Dói-me o silêncio colado às paredes do quarto, sinto as minhas mãos aflitas de ternura e a pele arrepiada de medo. E fico assim, com o tempo a correr mais depressa que os meus pensamentos.
Só.

22.8.03

***

Esta noite vou ver estrelas...

Até amanhã.

Desenhos Animados

Hoje ficava mais feliz se pudesse rever todos estes desenhos animados:

A Pantera Cor-de-Rosa
O Condor de Ouro
Calimero
Tom Sawyer
Os filmes mudos apresentados pelo Vasco Granja
Heidi
A Abelha Maia
Os Marretas
... e muitos outros dos quais não me lembro...

E claro... não podia perder as séries:
Verão Azul
O Sítio do Pica-pau Amarelo

Um diálogo delicioso...

... na revista Pais e Filhos. Por Nuno Madureira e seu filho Francisco.

- Francisco, anda para a mesa.
- Não vou!
- Mesa!
- Os músicos também vão para a mesa?
- Claro que vão, se não como é que tinham forças para fazer os concertos?
- Nunca vi um músico à mesa.
- Garanto-te que vão. Eu já vi.
- O Ségio Godinho também se senta à mesa?
- Claro. E com muita categoria.
- E o Jorge Palma? E o David Fonseca? E os Gaiteiros?
- Todos. Cada um com mais classe que o outro. Anda para a mesa se faz favor que a sopa está a arrefecer.
- Está bem, eu já vou. Mas não quero sopa.
- Claro que queres.
- Os músicos também comem sopa?
(suspiro) - Comem. É isso que distingue os verdadeiros músicos: todos eles comem sopa. Se entratres num restaurante e vires alguém a comer sopa podes ter a certeza que é um músico. Agora vai lavar as mãos.
(voz abafada pelo barulho de água corrente, en fundo) - Os mús..?
(duplo suspiro) - Sim! Os músicos também lavam as mãos antes de comer.

- Pai, de que é esta sopa?
- Alho Francês. Come.
- O Sérgio Godinho tambem gosta de alho francês?
- (enoorme suspiro) - Gooosta! Agora cooome! E chega-te à frente para não cair sopa na mesa.
- Acho que não gosta. E não quero chegar-me à frente. O Jorge Palma não se chega à frente quando come a sopa, pois não? E depois fica com nódoas na camisa.
- Só se estiver distraído. Olha a toalha!
- Não quaro mais sopa! Quero ir fazer um concerto.
- Pois, mas enquanto não acabares de comer, não há concerto nenhum.
- Não faz mal, antes ainda tenho de ensaiar.
- Mas também não há ensaios enquanto não comeres tudo.
- Tudo?!?!

(...)

- Pai, tu és jogador de futebol?
- Não, sou jornalista.
- Então porque é que às vezes dizes que vais jogar?
- Porque gosto de jogar com os meus amigos?
- Tu nunca apareces nos jogos da televisão?
- Não.
- E o Rui Costa?
- O Rui Costa às vezes aparece.
- Não é isso.
- Então?
- O Rui Costa gosta de sopa?

(...)

21.8.03

As Meninas



Velasquez, Diego, As Meninas, 1656

Sempre gostei muito deste quadro.
Lembro-me que, da primeira vez que o vi, fiquei a olhá-lo durante muito tempo porque não o percebia. Tinha uns 18 anos. Intrigava-me o espelho com a imagem de duas pessoas reflectidas e achava que alí também devia estar o pintor!

Um dia, ao ler um livro sobre arte, descobri o seu "segredo". Velasquez retrata-se a ele mesmo, à  esquerda, pintando uma grande tela e olha para as duas pessoas que estão a posar para ele. Essas pessoas são os reis que têm a sua imagem reflectida no espelho ao fundo da sala. Complicado... ou talvez não...

Mas, para além de todo este jogo de percepções e da complexidade do quadro, também gosto muito da luz e das sombras. Um jogo de claro-escuro que dá uma sensação muito real de profundidade e de espaço.

É uma pintura que não se detém apenas num olhar, é preciso vê-la.

Uma sugestão...

...para quem gosta de ver estrelas e de andar na lua.

Basta visitar este site e encontrarão todas as informações relativas a este assunto: observações astronómicas, sessões no planetário e palestras. Tudo gratuito.

Entre o dia e a noite

Gosto do dia, gosto muito da noite mas ainda gosto mais do crepúsculo, quando a claridade do sol fica a pairar no ar e ao longe já se vêem as estrelas. Gosto do azul escuro desse céu que já não é dia mas ainda não se fez noite.
Gosto do crepúsculo junto ao Mar da Palha, com a ponte iluminada e sentir as pessoas que passam devagar, em passeios intermináveis de mãos dadas e conversas quase sussurradas. Gosto das luzes que se acendem e iluminam vagamente os rostos escondidos de namorados abraçados em ternuras. Gosto da minha sombra a cair sobre a calçada e do som dos meus passos na noite que começa. Gosto de estar assim. Gostei de estar assim. Hoje.

Um vício saudável

Não fumo, mas tenho um vício chamado nicotina pura.
Experimentem e fiquem viciados nas palavras. Como eu.

20.8.03

Calvin



Peço...

... ajuda.

Alguém pode dizer-me como faço para pôr as páginas do meu blog que pertencem ao arquivo com o mesmo aspecto da actual?
Obrigada.

O perfil dos blogs

No Noctívago li:

Naveguei pelos blogs que aliatoriamente me foram aparecendo. Meia hora, uma hora talvez. E já tenho o perfil da maioria. Mulheres acima dos 30 anos, muitas divorciadas, muitas desesperadas, homens que trabalham no jornalismo ou gostavam de trabalhar, literatos frustrados e adolescentes com problemas existênciais. E pouco mais.

Não me incluo em nenhum dos perfis aqui mencionados. E acho que muitos dos blogs que visito todos os dias também não pertencem a essa esfera de perfis tão limitativa.

19.8.03

Um encontro

Domingo, às 16:30 h, no café A Brasileira vai acontecer isto.
Apareçam... se quiserem.

P.d.N.



2002

Vamos passear?

Ano Novo, Vida Nova

Desculpem a ousadia mas não resisti em colocar aqui, neste espaço, um texto do Professor José Pacheco, o mentor do Projecto da Escola da Ponte.
Se gostarem, há mais no aprendiz de utopias.


"Pela minha parte, foi com Dona Letícia (a professora) que aprendi a odiar."
Aquilino Ribeiro

A Letinha andava na quarta classe da manhã, uma quarta onde predominava o método misto: metade pelo livro, metade pela palmatória. O azar da Letinha era não atinar com as reduções. A professora bem gritava, ameaçava, cumpria e... nada. A Letinha, ora levava porque a vírgula tinha ficado fora do lugar, ora porque para chegar ao miriare era ao contrário, i. é., da direita para a esquerda, como era bom de ver. E a Letinha ficou para trás nas reduções.
O fim do ano aproximava-se e com ele o exame de admissão. A mãe era de poucas posses. Os cem mil reis que todos os meses entregava à professora das explicações (que era a mesma que aturava a falta de inteligência da Letinha todas as manhãs) pagavam a preparação para o exame à escola técnica, não obrigavam a aulas suplementares que desvendassem as trevas e os mistérios das reduções.
Então, a mãe da Letinha foi falar à professora da quarta classe da tarde. Era uma professora agregada e muito meiguinha com as crianças. Pediu-lhe que deixasse a filha, que era uma criança muito sossegada e respeitadora, ficar num cantinho da sala enquanto a senhora ensinava a quarta. Que não se havia de arrepender...

A professora da tarde não se arrependeu. Pôs a Letinha a ajudar os meninos da segunda a melhorar a leitura. Mas a Letinha era um ouvido nos colegas e outro no que a professora dizia aos mais crescidos, quando esta abordava a matemática por outros métodos. E a Letinha lá acabou por encontrar um modo fácil de passar de metros para decímetros, de milímetros quadrados para quilómetros quadrados, de fazer reduções e até... aumentações.
A Rosinha, por sua vez, era uma aluna aplicada. Sabia a matéria toda na ponta da unha e era a encarregada de aplicar os castigos: um bolo por cada falta, três por cada erro e assim por diante... A professora exemplificava o modo e a intensidade com que a Rosinha deveria aquecer as mãos às companheiras. Por incrível que nos pareça, naquele tempo era assim.

Em meados de Maio, a professora pegou no papel almaço e dobrou uma margem a três quartos. Era uma prova importante, decisiva. A Letinha saiu-se bem. Fez as reduções todas sem falhar uma vírgula. Foi contemplada com um Muito Bom e um comentário da professora da manhã: "Estás a ver como a régua te fez bem?"
Volvidos alguns anos e uma inútil passagem pela Escola do Magistério Primário (como acontecia antigamente), a Letinha ficou professora. E, também como acontecia antigamente, na primeira colocação como agregada, entregaram-lhe a turma dos repetentes que (antigamente) era costume haver em algumas escolas.

A jovem professora pediu conselhos, mendigou solidariedades. Tudo em vão. A Letinha que se desenrascasse, porque os colegas andavam demasiado preocupados consigo próprios, com o dar o programa e atingir a percentagem de aprovações que lhes segurasse o emprego na função pública. Era assim, antigamente.

Até que, um dia, um colega mais sensível à dramática situação da Letinha lhe entregou uma régua, ao mesmo tempo que, sábia e solenemente, sentenciava: "Ó colega, tome lá. Eu vou para a reforma, a mim já não me faz falta e a si ainda há-de fazer jeito."
Subitamente, a Letinha viu-se assaltada pelos fantasmas de antigamente. Via a Rosinha com os olhos encharcados de lágrimas de implorar perdão. Num impulso, atirou com a régua para o fundo da gaveta, a fazer companhia aos cadernos de duas linhas, que eram uns cadernos usados antigamente para escrever letras em carreirinhas: uma folha de carreirinhas com a vogal a, outra com us todos ligadinhos uns aos outros e por aí adiante ...

Mas a turma dos repetentes continuava apostada em fazer da vida da Letinha um inferno. No fim de uma manhã em que já tinham ficado sem recreio (havia dias assim, antigamente), os putos levaram a Letinha ao termo da paciência. Um estranho sentimento se apoderou da jovem mestra. Totalmente descontrolada, puxou da gaveta a miraculosa herança. O estrondo do vigoroso atirar da régua para cima da secretária provocou um pesado silêncio em toda a sala.

Foi este silêncio que ampliou o descontrolo de alma e os nós na garganta. Foi este silêncio que precipitou um choro solto que atravessou corpos e paredes.
Era assim, antigamente.
Os meus votos de um verdadeiro novo ano para todos,

José Pacheco
Escola da Ponte / Vila das Aves

18.8.03

Leitura e Escrita I

Lembram-se como aprenderam a ler e a escrever?
Contem.

Outro pecado

Já sei o que é a gula.
Algo enjoativo e demasiado doce.

Faltam-me quatro pecados e a luxúria continua a ser o mais difícil de encontrar.

Voltei...

Ao som de Five Minutes of Everything - The Gift

...no entanto, só parte de mim chegou. A outra ficou contigo.
Espero que não a percas, espero que a guardes fechada numa caixinha de madeira ou então, que a tragas sempre contigo.
Visita-me de vez em quando, lembra-te que existo sozinha e que não me esqueço de ti.
Nunca.


15.8.03

Vou sair...

...volto segunda-feira.

Música para os meus ouvidos

Por falar em madrugada...

Há um grupo musical com este nome. Não é português. É norueguês. E têm um album fantástico - Industrial Silence.
Procurem aqui e aqui. E oiçam com atenção.

Madrugada

Encontrei este texto num dos meus cadernos antigos. Não sei quem é o autor, não sei se fui eu que o escrevi. Não sei.

Daqui a pouco o sol secará as gotas de orvalho e a teia já não será a rosa que agora é.
Mas o Mundo não tem de ser apenas este jogo de opostos: dia, noite; calor, frio; amor, ódio; vida, morte...

Também existe a madrugada.

Nem o frio da noite, nem o calor pesado do dia: a madrugada, como aquele intervalo entre um pensamento e o seguinte em que, por um instante, somos apenas.

Não tenho sono.

13.8.03

---




Já tenho saudades da escola. Dos alunos. Da agitação.

Eu

educação. ensinar. Escola da Ponte. Freinet. Rousseau. ouvir. saber estar. família. união. amigos. amor. ternura. ajudar. voluntariado. certezas. e dúvidas também. ler para as crianças. ler para mim. descobrir escritores. José Saramago. António Lobo Antunes. ouvir poesia. Sophia de Mello Breyner. Eugénio de Andrade. José Luis Peixoto. Al berto. bibliotecas. silêncio(s). olhar(res). fotografia. preto e branco. rostos. Pessoas. cinema. King. Mundial. noite. relógios. desporto. ginástica. natação. água. praias vazias. Sintra. Lisboa. miradouros. Coimbra. Braga. Fundão. cerejas. queijo. cafés com História(s). jornais com café. DNa. blogs. música(s). jazz. fado. lágrima(s). saudade. chá. scones. tarte de maçã. provar. saber comer. comer com prazer. gostar de gostar do que gosto. escolher. dar. sorrir. guardar tudo. objectos. memórias. cumplicidades. tu. nós. todos. viver.

12.8.03

Não posso adiar o coração

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa
in Antologia poética (D.Quixote, 2001)

11.8.03

Existem...

...pessoas que nos fazem sentir bem. Afagam-nos a alma e o ego. Fazem-nos rir.
Têm um dom. Têm um nome: amigos.

9.8.03

Hoje…

…quis prender o sol no meu cabelo e leva-lo comigo para que me iluminasse no segredo mineral da minha noite.

23:00

Às vezes, o dia inteiro resume-se numa palavra.
Hoje, a minha foi preguiça.

E a vossa, qual foi?

Um poema...

... de Eugénio de Andrade

Quase Nada

O amor
é uma ave a tremer
nas mãos de uma criança.
Serve-se de palavras
por ignorar
que as manhãs mais limpas
não têm voz.

As mãos



Junho 2002

Dizem que os olhos são o espelho da nossa alma.
E as mãos?

8.8.03

Hoje...

...enquanto não chegava a casa, li:

Na vida, há sempre alguma coisa que vem de trás do que aparece em primeiro lugar, às vezes temos a impressão de saber o que é, mas quereríamos ignorá-lo, outras vezes nem sequer imaginamos o que poderá ser, mas sabemos que está lá.

José Saramago
in A Caverna

Mais um pecado

Já três pessoas me falaram na luxúria.
Será o melhor dos 7 pecados?
... vou experimentar...

Mas não digam nada ao Padre Amaro...

7 pecados

Hoje provei um pecado - vaidade.
Faltam-se seis e só tenho mês de Agosto para os saborear.
:)

Sons desta noite

Roads, Portishead
Beatriz, Maria João/ Mário Laginha
A noite passada, Sérgio Godinho
This Love, Craig Armstrong
Who's Gonna Ride Your Wild Horses, U2
My Baby Just Cares For Me, Nina Simone
Black Coffee, Ella Fitzgerald
Me, Myself and I, The Gift
Jura, Rui Veloso
Save me, Aimee Man
The Host of Seraphin, Dead can Dance

7.8.03

des-encantos...

... que encantam.

Obrigada pela referência ao meu blog.

6.8.03

Um blog

Tem 16 anos e um blog com arte.

Escola da Ponte

Citando o autor deste blog.

Este blog, para já, é um blog não oficial da Escola da Ponte.
Pode ser, que com o tempo, se torne o blog oficial.


Seja ou não oficial, o que interessa é a sua existência.

................................................................................................................

A todos os interessados, aqui está mais uma notícia sobre o Projecto da Ponte. É a última e não podia ser pior.

Estou...

... de partida.
Saber desistir é a melhor forma de não olhar para trás.

5.8.03

O Beijo



Klimt, O Beijo, 1907/08
Klimt, segurando a sua amante Emilie nos seus braços.

Gosto muito deste quadro.
Gosto da forma como ele a agarra.
Gosto da olhos fechados dela e da sua mão a tocar a dele.
Gosto do jeito com que ela se dá ao beijo.
Gosto desta ternura pintada de amarelo.

4.8.03

A luz



Dezembro 2001

1.8.03

Asas

Hoje, enviaram-me este texto.
Fica aqui, também para vocês.


Nós crescemos para ter asas, meus amigo.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós
nascemos para ter asas.
No entanto,em épocas remotas, vieram com dedos
pesados de ferrugem para gastar as nossas asas como
se gastam tostões.
Cortaram-nos as asas para que fossemos apenas
operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores
ingénuos de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.
Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas
transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem
mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas,
de novo voltam a ser.
Aceitemos esta hipótese, apesar de não termos dela
qualquer confirmação prática.
Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.


José Fanha

Alí...

não há poeta.

Há imaginação, criatividade e um bom jogo de palavras.
Gosto.