Gritos

O Grito, Eduard Munch, 1893
Acabei de ler um dos textos do Monologo. Um texto que fala na morte de uma senhora, uma morte com vontade própria, um suicÃdio.
Recordei-me de um dia deste Inverno que passou. Era quinta-feira, as aulas játinham terminado e, como sempre fazia nesse dia, segui caminho em direcção ao Cube de Natação. Enquanto caminhava paralelamente à  linha de comboio, apercebi-me que junto a uma das passagens superiores, havia alguma agitação. Quando me aproximei vi um rapaz pendurado do lado de fora do gradeamento da passagem, pronto a saltar para a linha de comboio. Parei. Era impossÃvel ficar indiferente...
Junto a mim estavam também algumas pessoas que, como eu, nada diziam ou faziam. No entanto, de dentro de uma escola gritavam vários jovens, tentando incentivar o rapaz a saltar. E nem o facto das pessoas os mandarem calar fez com que os seus gritos abrandassem. Como é que é possÃvel incentivar o sofrimento alheio?
A situação não se agravou porque, entretanto, chegaram ao local vários polÃcias que, discretamente e sem que o rapaz desse conta, se aproximaram e o agarraram puxando-o para um local seguro.
Confesso que suspirei de alÃvio, mas fiquei incomodada com aquela imagem durante todo o dia. O que terá levado o rapaz a agir desta forma? Será que alguém o ajudou? Será que as pessoas se apercebem que as tentativas de suicÃdo não são mais do que pedidos de ajuda ou gritos de desespero?
O psiquiatra Daniel Sampaio tem um livro sobre este assunto intitulado Ninguém Morre Sozinho. Mas eu acho que há cada vez mais pessoas a morrer sozinhas, por suicÃdio ou não.
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