31.7.03

Acreditar

Hoje fui à  Acreditar.
Vou ser voluntária na área de Pediatria do Instituto Português de Oncologia.

E agora, que tenho a certeza dessa decisão, sinto medo.
É mais um desafio.

O tempo



Maio 2002

Texto de Inês Pedrosa

A música

Eram 22:50 h quando apanhei o comboio no Rossio. Ia cheio apesar da hora, apesar de ser uma sexta-feira e de estarmos quase no Verão. Sentei-me num dos lugares vazios, junto à janela e antes de me entreter a ler a revista que tinha comprado, observei as pessoas que me rodeavam. Eram poucas, a maioria regressava dos empregos e tinham um ar cansado.
Entretanto, o comboio começou a encher e num banco a minha frente sentou-se um rapaz que trazia consigo uma viola. Pensava eu que a viola ficaria quieta, encostada à janela, à espera do seu destino para ser tocada de novo, mas não foi assim que sucedeu. O rapaz sentou-se e começou a tocar e naquela carruagem fez-se silêncio. Um silêncio como eu nunca tinha presenciado num comboio. ´

E a viagem começou. Alguns fecharam os olhos embalados na melodia, outros prenderam o olhar na viola, no dedilhar das cordas. Outros olhavam a expressão do rapaz, mas ninguém dizia nada.
Em Campolide entrou o revisor. Quando chegou perto do rapaz disse-lhe que tinha de parar de tocar pois podia estar a incomodar as pessoas. O rapaz disse-lhe algo que não ouvi. Falaram um pouco mais até que o revisor levantou a cabeça e perguntou aos restantes passageiros se estavam a gostar da música. A resposta foi unânime e em uníssono - Sim! E a viagem continuou...

Naquela noite, cheguei a casa mais confortada. Não só pela música, mas também pela sintonia entre uns e outros.

30.7.03

O Sexo dos Anjos

Não sei se alguém se recorda de um programa de rádio chamado "O Sexo dos Anjos". Era transmitido na Rádio Nova, todos os domingos à noite e tinha participação do Dr. Júlio Machado Vaz e de Aurélio Gomes.
O último programa foi para o ar em Setembro de 1998 e hoje, sem saber bem porquê, apeteceu-me ouvi-lo de novo.

Todos os domingos, quando me deitava, levava o walkman e os headphones para a cama e tentava sintonizar o melhor possível a Rádio Nova. Era uma tarefa difícil pois essa rádio estava sediada no Porto (e ainda está) e eu, em Lisboa, não a captava da melhor forma. Mas, apesar dos ruídos, interferências e dos silêncios, ouvia o programa até ao fim.

Não era um programa sobre sexo. Era um programa sobre as pessoas. Temas como a adolescência, a sexualidade, o amor, a sedução, o erotismo, a droga, o stress, as culturas de uns e de outros, eram abordados de uma forma inteligente e cativante. E aqueles dois comunicadores falavam, discutiam e riam como se ali estivessemos, ao seu lado.

Tenho saudades dessas conversas e de adormecer a pensar no que tinha sido dito e no que ficou por dizer.

29.7.03

Bisavó



Junho 2002

Ouvi dizer que envelhecer é revelarmo-nos à  transparência.

28.7.03

Leituras



Maio 2002

Não dormi nada.
O meu estômago pregou-me uma partida e manteve-me acordada toda a noite.
Agora, estou com uma terrível dor de cabeça.

Volto mais logo, com mais tempo e, espero eu, com melhor disposição.

25.7.03

Vou ter um fim-de-semana em família.
Vou para um sítio onde o silêncio é maior, onde reencontro as pessoas que fazem parte de mim.

Volto segunda-feira.
Fiquem bem.

Hábitos de Leitura II

Quando vou à FNAC, passo sempre pela secção de literatura infantil. Uma das minhas paixões.
Para além de ver as novidades neste género de literatura, também me sento num daqueles bancos e leio ou releio o que me parece interessante.
Normalmente, nesses bancos também estão pais e mães que querem comprar um livro aos seus filhos. Muitas vezes deixo-me ficar ali a ouvir o que dizem sobre os livros que estão a ver. Folheiam e elogiam os "bonecos" sem ler a história. Olham para a capa que acham bonita e levam o livro só por essa razão, sem sequer o ler. E não gosto.

Um livro vale principalmente pelas suas palavras. Claro que as imagens também dizem muito mas os pais esquecem-se que nem sempre as crianças gostam dos bonequinhos comuns que se vêem em qualquer sítio.
Os bons livros para além das palavras de qualidade, também têm imagens de qualidade. Se encontramos livros que conjuguem estes dois aspectos, óptimo. Mas antes de olharmos para as imagens, devemos ler as palavras. Já encontrei livros lindíssimos em termos de ilustração, mas que deixam muito a desejar em relação ao texto.

Sem querer parecer dona da verdade em relação a este tema, deixo-vos algumas sugestões. São livros que comprei por sugestão da minha (querida) professora de Literatura Infantil, livros que já li aos meus alunos e que também ofereci.
Quando forem a uma livraria dêem uma vista de olhos por estes títulos. De certeza que vão gostar...

A partir dos 3 anos:

O Livro da Tila, Matilde Rosa Araújo, Livros Horizonte.
Bublina e as Cores, Manuela Bacelar, Desabrochar.
A Arte do Penico, Jean Claverie e Michelle Nicky, Terramar
Acorda Fidalgo!, Penny Dale, Asa
Dez numa Cama, Penny Dale, Asa
Dantes havia Gigantes, Penny Dale, Asa
O Bebé, Fran Manuchkin, Sá da Costa
Elmer, Edward MacKee, Caminho
O Sapo Apaixonado, Max Velthuijs, Caminho
Destrava- Línguas, Luisa Ducla Soares, Horizonte
Lengalengas, Luisa Ducla Soares, Horizonte
Versos de Animais, Luisa Ducla Soares, Horizonte


A partir dos 7 anos:

Todos os livros infantis da Sophia de Mello Breyner
A Sereiazinha, Hans Christian Andersen, Afrontamento
O Rouxinol, Hans Christian Andersen, Afrontamento
As Fadas Verdes, Matilde Rosa Araújo, Civilização
Aquela Nuvem e Outras, Eugénio de Andrade, Asa
Versos Diversos para Meninos Travessos, Maria Rosa Colaço, Europress
O Elefante Cor-de-Rosa, Luisa Dacosta, Civilização
Os Três Cosmonautas, Umberto Eco, Quetzal
A Bomba e o General, Umberto Eco, Quetzal
Como se faz o Cor-de-Laranja, António Torrado, Asa
O Veado Florido, António Torrado, Civilização
Poemas da Mentira e da Verdade, Luisa Ducla Soares, Horizonte
O Livro das Rimas Traquinas, José Jorge Letria, Terramar
Os mais belos contos de Perrault, Charles Perrault, Civilização
Os mais belos contos de Grimm, irmão Grimm, Civilização

Hábitos de Leitura

Fala-se muito na leitura, no que lemos e não lemos, nos livros ditos "obrigatórios" e também naqueles que o são porque assim achamos.
Fala-se na falta de hábitos de leitura, na falta de tempo para ler e na falta de dinheiro para comprar livros.
Fala-se mal de alguns livros, fala-se bem de outros, aconselham-se tí­tulos e autores e agora até se largam livros em espaços públicos.
Mas, na realidade, quais são os hábitos de leitura em Portugal?

Vejam aqui e tirem as vossas conclusões.



As palavras

Penso que as palavras só nasceram para poderem jogar umas com as outras, que não sabem mesmo fazer outra coisa, e que, ao contrário do que se diz, não existem palavras vazias.
José Saramago
in A Caverna

24.7.03

Angústias

Todos os anos a mesma angústia.
No final de Julho, a DREL (Direccão Regional de Educação de Lisboa) lança as vagas disponíveis para o concurso de vinculação de professores do 1º ciclo.
Para quem quer ficar na mesma escola, como eu, é uma angústia a duplicar, porque não sabemos se abrirá o mesmo número de vagas na escola ou se o Ministério da Educação decide retirar à escola um ou dois lugares. Depois ainda tenho que contar com os professores que estão à minha frente na lista de graduação e "rezar" para que não concorram para a escola onde trabalho.
E tudo poderia ser mais simples se permitissem a fixação do corpo docente nas escolas, caso este o desejasse.

Se permanecer na escola onde estive no ano lectivo anterior, ficarei com um 1º ano. Vou ensinar a ler, a escrever, a contar. E mais, muito mais.
Vou ter o privilégio de viver as suas primeiras leituras e de os ver escrever cada vez melhor. E presenciar todos os dias esta evolução é muito gratificante. São estes os melhores momentos na vida de um professor. Pelo menos na minha vida, são. :)

23.7.03

...

Parece que te escondes e eu já não te consigo procurar.

A diferença que nos identifica

Às vezes parece-me que as pessoas encaram os políticos como indivíduos demasiado sérios, sem a consciência fundamental do outro e dos sentimentos que intervalam as pessoas.
De certa forma é natural que tal aconteça… Os contextos sociais nos quais vemos a classe política envolvida não permitem que o lado afectivo e privado de cada um seja olhado pelas pessoas. E também, se tal acontecesse, haveria uma mistura despropositada de posições e a consciência política e governamental ficaria posta em causa.

Há algumas semanas li uma entrevista no DNa ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa – Pedro Santana Lopes. Fiquei agradavelmente impressionada pelas suas palavras e pela forma como se mostrou, sem medos e abertamente. Como estava escrito na capa do suplemento e que passo a citar:
“Nenhum outro político ousaria abrir o coração desta maneira. Pedro Santana Lopes ousou.�


Falou de si, do seu passado, das suas frustrações, do amor.
Disse:
Achando eu que a família é a célula fundamental da sociedade, não compreendo que se mantenham situações sem o que é a essência.(…)
Os falhanços das relações são a marca mais negra da minha vida. Procuro assumir as responsabilidades, mesmo os erros, mas detesto falhar. Consome-me e é uma grande frustração. (…)
E tenho um lema – se Deus nos deu esta vida, não podemos desistir de ser felizes, de tentar ser felizes. A acomodação, a resignação e uma situação em que não há essa chama viva, não faz sentido. (…)


Mas isto é só um exemplo.
Podia ser eu a dizer isto, ou tu que estás aí desse lado. Podemos todos nós já ter dito isto ou algo semelhante e não é por ter sido esta pessoa a dizê-lo que vai ter mais ou menos importância.

O que disse, de facto, é importante. Mas também é importante saber que todos somos pessoas. E todos temos algo para dar e para receber e que, não é pelo estatuto de uns que se mede o seu valor.
No fundo, somos todos iguais na diferença que nos identifica. E é isso que faz de nós Pessoas.

Um sinal

No Sinais Exteriores de Tristeza li:
" O amor e a amizade, são as coisas mais próximas de criar a ilusão de que não estamos totalmente sozinhos."
O.Welles

Dá que pensar.

Passado e Presente

Há 12 anos participei na 9ª Gymnaestrada em Amsterdão, Holanda.
Foi uma aventura. Desde a cerimónia de abertura no antigo estádio do Ajax até às exibições diárias nos pavilhões construídos para o efeito.
Mas o que mais marcou foi o companheirismo, os sorrisos trocados e as amizades construídas entre pessoas de todo o mundo... e na minha memória ficou o som do riso, o som da alegria - uma constante naqueles dias.
É por isso que, agora, quando passo por um grupo de ginastas, quando vejo as reportagens na tv sobre o Festival, sinto saudades e nostalgia também.
Porque estar lá dentro é melhor do que estar de fora.
Mas a vida é assim mesmo, dá voltas e voltas e leva-nos com ela. Não estou lá mas estou aqui e amanhã estarei no Pavilhão Atlântico. A ver, só.

22.7.03

O fundo



Novembro 2001


Ver o fundo da cidade. Ao longe e ao perto. Contigo e a sós.
Porque todas as cidades têm um fundo e o fundo da minha cidade, agora, chama-se saudade.

Estar

Estar um para o outro. Estar com o outro. Estar um no outro. Estar a dois e num só.
Será preciso mais?

21.7.03

...

Há uma praia rodeada de verde e de azul. Nessa praia o sol queima mais forte e as ondas não existem para nos acordar.
Hoje estive lá e enquanto mergulhava, o corpo arrefecia de mim e tu estavas cada vez mais perto e no fundo, quando toquei com as mãos na areia não quis voltar atrás.
A tua imagem fez-se presente e apeteceu-me dizer-te tudo num abraço. Falar-te de mim, de ti, do nosso tempo e dos segundos e minutos que nunca existiram.

Quis ficar mas não deixaste. Trouxeste-me de volta na tua maré e quando me deixaste ouvi-te ainda dizer que o tempo dói mas que ser feliz depende apenas de nós.

20.7.03

Um passeio



Julho 2002

19.7.03

Nada

Hoje, o dia passou vagaroso.
Não fiz nada. Li um livro, olhei a televisão sem nada ver e apeteceu-me estar noutro sítio qualquer.
Quis conversar mas os amigos estavam com outros planos e fiquei a falar comigo mesma.
Ainda pensei em ir ao Parque das Nações...mas, sozinha? E não fui.

Já não gosto de fins-de-semana em casa. E o pior de tudo é que as férias que me restam vão ser passadas assim e para além de detestar os fins-de-semana, vou ficar a odiar todos os dias.
Sim, estou pessimista... e isto não é um lamento, é uma constatação.
Não gosto de estar sozinha. Ponto final.

Manias

Aos sábados de manhã sinto-me sempre um bocadinho mais feliz.
Gosto de comprar os jornais - Diário de Notícias e o Público - e de os ficar a ler, sentada num café, enquanto como um pastel de nata e bebo uma meia de leite.
Faz-me sentir bem e não me perguntem porquê.

18.7.03

Um poema

um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,

acordarei entre os teus braços, a tua pela será talvez demasiado bela.

e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.

um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for

tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada

de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da

nossa janela, sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso

será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi

nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar

a perfeição da felicidade.

José Luis Peixoto, in A Criança em Ruínas

Mesa de Cultura

A Palavra dos Poetas

Há uns dois anos, visitava quase todos os meses o Teatro da Comuna.
Todas as quintas-feiras, às 19:00 h, na sala Café-Concerto ouvia-se poesia portuguesa. Um grupo de actores, do qual fazia parte o Carlos Paulo, juntava-se num ambiente acolhedor que variava conforme o poeta que iriam ler.
As pessoas sentavam-se em mesas de quatro lugares, bebiam um café ou uma água, fumavam um cigarro e ouviam silenciosamente quatro actores, que com música de fundo tocada ao vivo, nos davam a conhecer a vida e a obra dos nossos poetas.

Todos os meses havia um poeta diferente.
Ouvi Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, António Botto e Alexandre O'Neill. E não vos consigo dizer de qual gostei mais...
Mas, para além do que ouvi, gostei muito da cumplicidade das pessoas que alí­ se juntavam. Da espera, do falar baixinho, dos silêncios e dos olhares esguios que todos trocámos.

Estes encontros continuam. Todas as quintas-feiras, pelas 19:00 h. E este mês o poeta escolhido é Mário de Sá-Carneiro.
Ainda não o ouvi, mas não o quero perder.
Vale a pena, acreditem.



17.7.03

dúvida

Os homens têm a fatalidade de se prenderem ao desapego.

Será?

À noite



Maio 2002
Poema de Al berto

16.7.03

Um pedaço de uma canção

Se queres ver o mundo inteiro à tua altura
tens de olhar para fora sem esquecer que dentro é o teu lugar
e se às duas por três vires que perdeste o balanço
não penses em descanso, ele está ao teu alcance e tens de o reencontrar.

O autor, sabem quem é?

Eu sei.

15.7.03

O Amor

Miguel Esteves Cardoso escreveu isto no seu livro Último Volume:

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há. Estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do tá bem, tudo bem, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores de romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o medo, o desequilíbrio, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida.
Por onde quer que se olhe já não se vê romance, gritaria, maluquice, fachada, abraços, flores. O amor fechou a loja.


Eu digo:

Sim , faltam gestos largos. Gestos que nos tragam ao amor e nos levem de volta ao amor dos outros. Mas a maioria das pessoas chama a isso lamechices ou pieguices. E cai mal ser lamechas, parecemos fracos por isso, por amar.
Mas eu acho que não. Amar faz-nos mais fortes, mais luminosos. Chamem-me lamechas ou o que quiserem. Acredito no amor.

O amor nunca é demais e os gestos também não. E se a vida é uma coisa e o amor é outra, então, faremos tudo para que coexistam mutuamente. A vida no amor e amor na vida. Mas não deixemos o amor fechar a loja.

Aconteceu...

Uma menina inglesa, supostamente, fugiu com um militar americano.
Conheceram-se na Internet. Ela tem 12 anos, ele 31. Ele fez milhares de quilómetros para ir ter com ela e ela foi.
Custa-me muito chegar às razões pelas quais a menina fugiu. (E será que fugiu mesmo?)
Custa-me entender como os pais daquela criança viviam na suposta serenidade de que a filha conversava só com miúdos da mesma idade. ( Será que essa suposição foi apenas uma desculpa para não se culparem a eles mesmos?)
E custa-me entender que, no mundo em que vivemos e com as notícias que ouvimos todos os dias, a menina não perceba os riscos que corre com esta situação e principalmente, que os seus pais não tenham tido a consciência que o mundo da Internet não deve ser totalmente acessível às crianças.

Vergonha... mas também humilhação

No Abrupto li:

VERGONHA

A vergonha da exploração de um jovem atrasado mental no Herman Sic tem sido denunciada por vários blogues. Esta é uma matéria que deve ultrapassar a blogosfera para chegar ao mundo exterior. Se continuarmos todos a fazer barulho, chega.


Eu diria mais. Diria que o Sr. Herman José já está a ultrapassar os limites da indecência e da ordinarice.
As pessoas, por mais ingénuas ou ignorantes que sejam não têm que ser gozadas com piadas de maus gosto e risos frenéticos de uma plateia que vibra com um ai deste senhor.
Mas também é verdade, há quem prefira passar por tudo isso e ter um minuto de antena num domingo à noite para poder anunciar que escreveu isto, dá consultas alí ou que lançou um disco na semana passada.
Pelos vistos, a crise chega a todo lado e a humilhação também.

14.7.03

Dúvidas e Fingimentos

Poderá alguém acusar-nos da nossa tristeza?
Terá alguém o direito e/ou o dever de dizer que a nossa tristeza faz mal aos outros?
Será credível fingirmos para que esses (os outros) estejam em paz connosco, mas sobretudo, com eles mesmos?
Estaremos a ser verdadeiros?
Eu não sei.
Vocês, sabem?

13.7.03

Hoje, não gostei

Não fui à praia, fui ao cinema. Sozinha. E não gostei.
Não gostei do filme - Sonhos Desfeitos - que achei demasiado monótono.
E não gostei da sensação de estar sozinha naquela sala cheia de gente.
Saí vazia...
... e também não gostei dessa sensação.

12.7.03

Amigos

(...) Sentimos os amigos como uma família que escolhemos ou que o tempo escolhe, sem as chatices possessivas das famílias. Envelhecemos juntos com as vidas separadas e nas vidas dos nossos amigos vivemos um pouco outras vidas que são, também, um pouco nossas, porque assim as sentimos e sofremos. (...)

Excerto da crónica de Carlos Quevedo, no suplemento DNa do Diário de Notícias de sábado, 5 de Julho.


Oferta

Trouxe-te
um beijo...
no bolso

Pedro, 3 anos.

in Cancioneiro Infanto Juvenil para a Língua Portuguesa - 1º Concurso Poético, vol.I, Instituto Piaget. 1995.

Domingos

Não gosto de domingos. É um dia sem sal.
Não se faz nada nem deixa de se fazer. Está tudo fechado, ou melhor, quase tudo, porque os centros comerciais continuam a ser ponto de passagem obrigatória para quase todos os domingueiros que decidem sair e dar uma volta. Não entendo, com tantos locais bonitos e interessantes onde ir.

Mesmo assim, não gosto de domingos. Talvez porque no dia seguinte tenha de trabalhar, como todos vocês.
É uma espécie de sofrimento de véspera... Desnecessário, não?

Mas neste domingo apetecia-me ir para a praia. Não para aquelas praias cheias de gente de pele dourada e brilhante, mas sim para aquelas que são praias na verdadeira acepção da palavra. Guincho, Adraga, Magoito, Praia das Maçãs. Praias com mar escuro e violento. São dessas que eu gosto, faça chuva ou faça sol.
Talvez vá.
Até amanhã.

11.7.03

Digo-te...

que o amor pode sobreviver a tudo,
as pessoas não.

Os Direitos do Leitor

O Direito de não ler
O Direito de saltar páginas
O Direito de não acabar um livro
O Direito de reler
O Direito de ler não importa o quê
O Direito de amar os heróis dos romances
O Direito de ler não importa onde
O Direito de saltar de livro em livro
O Direito de ler em voz alta
O Direito de não falar do que se leu

in PENNAC, Daniel (1993), Como um Romance, Edições ASA, Porto.

10.7.03

Barulho ou talvez não....

O ano lectivo chegou ao fim. A escola está vazia de sons, de crianças, de movimento, de barulho. O barulho que tantas vezes me incomodou, que me fazia dores de cabeça, acabou.

Hoje arrumei a sala e na gaveta encontrei um pedaço de papel escrito por uma das minhas alunas. Um pequeno papel que guardei a meio do ano.

Para a professora:
peço desculpa pelo mal que hoje lhe possa ter causado
Inês


Foi num dia de barulho.
Mas apesar de tudo, sorri nesse dia. E hoje, sorri novamente.
Porque há barulhos que nos enchem a alma e aquecem o coração.
e na palma da tua mão
busco ternura
sem contar meses,
anos, dias,
sem saber dizer
se já te chorei
por inteiro
o suficiente
para não voltar
a perder-te

Vasco Gato

Arte

Arte de amar
Arte de amar a arte
Arte de amar a arte de amar
Arte de amar a arte de amar a arte
Arte de amar a arte de amar dest arte
Arte de dest arte amar a arte de amar-te
Arte de amar-te, em toda e qualquer parte
De toda e qualquer parte
Arte de amar toda a arte de amar-te
Arte de amar a arte de amar-te
Arte de amar, amar-te
Arte de amar-te
Arte

José Carlos Ary dos Santos

9.7.03

Deixo-vos uma pergunta. Respondam se assim vos apetecer.

"Sera que se pode soltar um grito devagar?" Antonio Lobo Antunes