18.7.03

Um poema

um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,

acordarei entre os teus braços, a tua pela será talvez demasiado bela.

e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.

um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for

tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada

de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da

nossa janela, sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso

será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi

nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar

a perfeição da felicidade.

José Luis Peixoto, in A Criança em Ruínas




























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