30.11.03

Provavelmente...

...esta será a última vez que te digo, que te falo, que te canto mansamente ao ouvido.
Adeus.

Culpa Humana




Um filme com um elenco notável mas também com um argumento mal aproveitado e pouco desenvolvido.

A desilusão foi evidente.

28.11.03

...

A ficção é apenas a realidade de nós próprios escrita em palavras que parecem mentir e que julgamos pertencer a outrém.

27.11.03

...

Queria alterar o discurso directo do meu blog mas corro o risco de me enganar a mim própria.

25.11.03

...



2003

Outro tempo

Tinha três anos e nesse tempo as manhãs de sábado eram para a música. Eu sentava-me no sofá verde da sala e esperava que o meu pai escolhesse os discos que mais gostava de ouvir.
Um dia a música começou devagar e eu chorei.

"Porque choras?" - perguntou o meu pai.

"Tenho pena..." - disse eu.

Já não choro com a Chiquitita nem me lembro do aperto que trazia no peito nesse dia, mas sei que hoje fiquei nostálgica. Não por ter ouvido essa música novamente, mas por me lembrar dos sábados que nunca mais tive desde que cresci e me fiz adulta.

24.11.03

Dia #49

9:30 h

Depois de realizadas as tarefas iniciais do dia, chega a hora de começar a aula e hoje é dia de Matemática.

"Hoje vamos resolver um problema. Mas antes, quero que me digam o que é um problema."

Imediatamente se levantaram vários braços no ar. Outros, ficaram expectantes e nada disseram.
Ficam aqui algumas das respostas.

J. - É pensar.

M. - É quando alguém tem um acidente.

M. - É quando nos aleijamos.

B. - É um assunto importante.

A. - É quando alguém parte uma perna.

R. - É quando morremos.


(...)

23.11.03

Não há...

.
.
.
.
.
...nada a dizer.
.
.
.
.
.

22.11.03

De tarde...





...ouvi este álbum com o volume mais alto do que é habitual e posso-vos dizer que não podia ter escolhido melhor "terapia" para me fazer sentir mais bem-disposta.

21.11.03

Opiniões

No sem filtro...

"Os romances da Margarida são de uma qualidade crescente. Desde um Sei Lá que foi por algumas pessoas considerado "literariamente ingénuo", até ao mais recente I'm in love with a pop star (que infelizmente ainda não tive tempo de ler, mas no qual, tanto quanto sei, MRP continua com o seu estilo light, que já defendi, e que continua a incomodar muita gente em Portugal), a Margarida tem vindo a amadurecer como escritora."

(...)

"A Margarida, a bela Margarida, é responsável por ter trazido milhares de portugueses de volta à leitura. E merece ser recompensada por isso."


Assusta-me ler este último parágrafo. Principalmente por ter quase a certeza que os portugueses que a lêem não vão ler escritores como Lobo Antunes, Saramago, Agustina Bessa-Luis, Sophia de Mello Breyner e outros tantos.
Seria como pedir a uma pessoa que habitualmente ouve Romana, Toy ou �gata para depois ouvir Madredeus, Sérgio Godinho ou Jorge Palma.
Trata-se sobretudo de uma questão cultural.

Tchaikowsky...




... morreu em 1893, dezasseis dias depois de ter composto a sua obra-prima - a 6ª sinfonia, designada como Patética.
Diz-se que, depois da sua morte e durante algum tempo, sempre que se tocava esta sinfonia, alguém da sua família morria. As pessoas passaram então a não bater palmas, ficando a pairar um silêncio pesado em redor de uma música trágica e lamentosa. E hoje em dia, em alguns teatros do mundo, os aplausos só surgem depois do 3º andamento, em memória de um compositor que durante toda a sua vida se sentiu um fracassado.

20.11.03

!!!

Aproxima-se mais uma greve e, numa época de contestação, fico incrédula com a falta de união entre professores.

(um post a continuar)

19.11.03

...

Às vezes é difícil dizer que uma pessoa tem um coração em cada objecto.

António Lobo Antunes
in Diário de Notícias

Hoje à noite ouvi pela primeira vez a voz do António Lobo Antunes. Ouvi-o e vi-o falar. E foi como se os seus livros e crónicas passassem a fazer ainda mais sentido.

18.11.03

Acho...

... que me perdi.
Preciso de voltar a erguer tudo aquilo que é importante para mim, mesmo que não o seja para os outros.

16.11.03

...

Até já.

15.11.03

...


Aqui...

...está a Ana, com um blog em primeira pessoa.
A não perder.

Passei...

...a última noite com algumas insónias por causa deste filme que decidi ver antes de dormir...



13.11.03

Um desejo

Hoje apeteceu-me uma bomboca. Uma bomboca de baunilha. Mas... a pastelaria da minha infância já não as vende e não gosto das imitações que encontro nos supermercados de esquina.
Agora, resta-me apenas o sabor que a minha memória guardou.

...



Cais do Sodré, 2002

12.11.03

...

Há noites que pedem música assim...

Brothers In Arms, Dire Straits
Why, Annie Lenonx
Save me, Aimee Man
Nothing Man, Pearl Jam
Santa Maria, Gotan Project
Where The Wild Roses Grow, Kylie Minogue /Nick Cave & The Bad Seeds
Pelos Ares, Adriana Calcanhoto

11.11.03

Um chá...




...no Largo do Carmo.

Sou cliente habitual e gosto de ser recebida com o privilégio de já saberem o que quero.
Um chá Apollon e dois scones?

...




Eu também.

10.11.03

...



Praia de S. Julião, 1980

Eu e o meu primo.

...

Could a greater miracle take place than for us to look through each other's eyes for an instant?

Henry David Thoreau

Passagem

O êxtase do ar e palavra do vento
povoaram de ti meu pensamento.

Sophia de Mello Breyner Andresen
in Mar Novo, 1954.

9.11.03

A não perder...

...para quem gosta dos livros infantis de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Das Histórias Nascem Histórias . Uma Exposição em forma de percursos.
Um projecto de Fernanda Fragateiro a partir do universo literário de Sophia de Mello Breyner Andresen.

De 7 de Nov. a 1 de Fev. de 2004
Todos os dias das 10h00 às 19h00
no Centro Cultural de Belém.

Só sei que...

...perante todo aquele ambiente, perante os rostos dos pais, a azáfama dos médicos e enfermeiros, os choros que ouvi nos corredores e os sorrisos que me foram retribuídos em cada quarto, senti que recebi muito mais do que aquilo que dei.

...

Ela estava a dormir e eu fiquei ali, no quarto, a olhar para aquela menina de 3 anos enquanto os seus pais tinham ido almoçar. Quando acordou chorou muito, chamou pela mãe e eu, não sei... acho que agi de acordo com a minha intuição. Fiz-lhe muitas festas na cara e tentei sossegá-la. E voltou a adormecer.

7.11.03

Escola da Ponte

Amanhã vai ter lugar em Lisboa uma sessão de apoio ao Projecto da Escola da Ponte. Quem estiver interessado, veja aqui.

Fui...

...demasiado exigente com duas pessoas. A seguir, fiquei inquieta. Agora, só na quarta-feira lhes poderei dizer isto mesmo.
Até lá, a minha consciência irá remoer as palavras que proferi.

Cor



Jardim de Serralves, Porto, 2002

6.11.03

Apetece-me...

...rever este filme.




5.11.03

...

Há dias que não merecem ser vincados nas palavras. É por essa razão que a página de hoje ficará em branco.

4.11.03

...

Foi num dia de Maio, no ano de 1991. A aula de Língua Portuguesa estava no fim e a professora Teresinha no dia seguinte já não iria voltar.
Ofereceu-nos este poema embrulhado numa pequena folha de papel , leu-o e saiu da sala com as lágrimas nos olhos.
Foi assim que conheci Alberto Caeiro.

"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como que não estranha
Que haja montanhas e planicies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja..."

Alberto Caeiro

Dead can Dance

Para quem não conhece... oiçam 30 segundos de algumas músicas.




Wake

Passei pela FNAC e não resisti a este CD...



Dei...

...mais um passo na compra da minha casa.
Agora, só falta a escritura... :)

Apetecia-me...

...um chocolate quente antes de me ir deitar.
Boa noite.

3.11.03

Dia #39

Hoje, os garotos estavam irrequietos e foi extremamente difícil acalmar aquelas alminhas incansáveis de conversa e risota.
De tarde, então, foi impossível mantê-los quietos na sala e o jogo dos sentidos que resolvi propôr como actividade teve um efeito contrário àquele que esperava. À medida que os alunos iam ouvindo os sons da cassete para depois os conseguirem adivinhar, lembraram-se também de imitar o que estavam a ouvir. Agora imaginem vinte pimpolhos desdentados a imitar animais como a galinha, a vaca, o sapo ou então a mimar actividades como tocar piano, flauta ou outras coisas... e tudo isto com uma boa dose de gargalhadas pelo meio. É claro que também tive de me rir, era impossível ficar indiferente àquela boa diposição.
E no fundo, sem eu querer, fi-los dramatizar certas situações com uma desinibição que não estava à espera de encontrar em alguns meninos.
Há dias que acabam assim. Felizmente.

A tabuada

Em resposta a este comentário...

Em relação à tabuada pareces contradizer-te -será assim? Decorar e compreender não serão opostos? Não vejo que seja necessário compreender antes e só depois decorar a tabuada. Não será por existir esta preocupação "pedagógica" que tanta gente das novas gerações não sabe fazer uma conta, não sabe calcular sem o auxílio da máquina?

Pedro Cruz Gomes

.. continuo a dizer que para se decorar a tabuada, é imprecindível compreendê-la primeiro. E este pressuposto também se aplica a outros assuntos.
O que não tem nexo nenhum é dizer que esta preocupação pedagógica é que leva a que as crianças não saibam fazer contas...

2.11.03

No DN

... li uma notícia sobre os maus resultados que os alunos portugueses têm tido a Matemática.
De facto, esta questão já não é novidade para ninguém. Todos sabemos que a disciplina de Matemática torna-se mais difícil a partir do 10ª ano e que nem todos os alunos conseguem manter notas razoáveis ao longo de todo o percurso escolar precisando muitas vezes de explicadores para colmatar as falhas e dificuldades que vão aparecendo. Eu mesma, desde o 10º ano que precisei de um explicador que me ajudasse nesta diciplina de forma a conseguir "passar" com uma nota razoável...

Nesta notícia o que mais me impressionou foi a declaração de um senhor chamado Nuno Crato, da Sociedade Portguesa de Matemática que diz o seguinte:
" A formação dos docentes do Ensino Básico está cheia de ideais românticos e errados que a criança deve aprender segundo o seu ritmo".
Gostava de ouvir este senhor explicar esta afirmação de uma forma mais concreta, principalmente porque não acho que isso aconteça sempre.
No 1º ano de escolaridade e de acordo com alguns métodos de ensino, as crianças aprendem e (na minha opinião) devem aprender segundo o seu ritmo. Não tem qualquer fundamente estar a impôr a um conjunto de crianças (todas diferentes entre si) determinada matéria ou assunto sem que estas tenham aprendido e assimilado as bases para poderem continuar as suas aprendizagens. Um exemplo: não posso ensinar a uma criança a multiplicação nem obrigá-la a decorar a tabuada se ela antes não tiver percebido que a multiplicação não é mais que uma adição sucessiva de parcelas iguais... é por esta razão que a maioria dos alunos não consegue decorar a tabuada, porque não compreendem o seu mecanismo.
Portanto, na minha opinião, o que o senhor Nuno Crato disse não tem qualquer razão de ser.

Penso que o cerne desta questão está na formação que as Escolas Superiores de Educação dão aos futuros professores.
É inadmissível que professores do 1º ciclo do Ensino Básico cheguem ao último ano de curso onde têm de fazer um estágio intensivo em escolas públicas ou privadas, e não conheçam os materiais estruturados que existem para o ensino da Matemática. Digo isto porque, desde há 3 anos que recebo estagiárias da instituição onde fiz o meu curso e tenho vindo a reparar que a formação ao nível da Didáctica da Matemática está a piorar a olhos vistos.
Como podem começar a dar aulas se não conhecem materiais como o Cuisenaire, o MAB, o Tangram, os Geoplanos ou os Blocos Lógicos?
Todos estes materiais são fundamentais para as aprendizagens iniciais sobre a numeração, decomposição de números, noção de espaço, áreas, figuras geométricas, etc... São estes materiais que permitem a compreensão de conceitos, às vezes, bastante abstractos para as crianças e são eles que de certa forma, ajudam a desmitificar a ideia de que a Matemática é uma disciplina aborrecida e difícil.
No entanto, não oiço falar numa revisão dos planos de estudos das Escolas Superiores de Educação e também não vejo muito interesse da parte dos professores estagiários em procurar informação sobre estes e outros assuntos. Há uma acomodação tanto de um lado, como do outro e depois querem que os resultados apareçam...
"A palavra escrita ensinou-nos a usar a voz humana."

Marguerite Yourcenar
Bom dia!

1.11.03

Quase...

..em dia de finados, ouvi:

"O que passa para além da morte não é que temos, mas sim o que somos."

Um livro

Lembro-me de ser pequena, subir as escadas do prédio a correr e chegar ao último andar, onde morava a minha tia. Batia à porta e perguntava com a voz ainda cansada: "Tia, posso ficar aqui a ler aquele livro?"
Entrava no quarto do meu primo, retirava o livro da prateleira e ficava a lê-lo sentada na alcatifa.
O que mais me apaixonava eram as descrições com as palavras cheias de luz. Lia-as e relia-as vezes sem conta; na minha cabeça imaginava todos esses cenários e sei que muitas vezes desejei ser a Isabel, viver naquela casa e ter aquele jardim enorme só para mim.

(...)
"Isabel conhecia bem todas essas coisas maravilhosas. Cada ano repetia de novo as quatro estações. Era a Primavera que enchia as árvores de leves folhagens verdes, e espalhava nos campos a multidão das papoilas. Então as andorinhas voltavam e tudo se enchia de flores que baloiçavam docemente nas brisas transparentes. Depois o Verão chegava, os dias cresciam, o ar povoava-se de perfumes, as abelhas zumbiam em roda dos cachos de glicínias. Rosas, narcisos, cravos e túlipas desabrochavam nos canteiros.
(...)
Então começava o Outono. Os dias ficavam mais curtos e mais doirados, as vinhas eram vindimadas, dos castanheiros caíam os primeiros ouriços verdes, nos jardins havia dálias e crisântemos, o chão cobria-se de flores amarelas e secas que se desprendiam uma a uma dos altos galjhos das árvores e tombavam lentamente dando viltas no ar.
(...)
Naquela casa tudo era enorme: as portas, as janelas, a cozinha, a copa, os quartos, as salas, as escadas, os corredores.
Mas a maior divisão da casa era o grande átrio onde no Natal se armava o pinheiro. À roda desse átrio ficavam as salas: a sala de jantar, com a sua mesa interminável, a sala de estar onde se tomava o chá nas tardes de Inverno, a sala do piano onde Isabel experimentava um por um o som misterioso das teclas brancas e pretas, a biblioteca com as estantes cheias de livros de capas duras com sombrios desenhos doirados e com uma grande mesa onde estava pousado o globo do mundo."
(...)

Sophia de Mello Breyner
in A Floresta