2.11.03

No DN

... li uma notícia sobre os maus resultados que os alunos portugueses têm tido a Matemática.
De facto, esta questão já não é novidade para ninguém. Todos sabemos que a disciplina de Matemática torna-se mais difícil a partir do 10ª ano e que nem todos os alunos conseguem manter notas razoáveis ao longo de todo o percurso escolar precisando muitas vezes de explicadores para colmatar as falhas e dificuldades que vão aparecendo. Eu mesma, desde o 10º ano que precisei de um explicador que me ajudasse nesta diciplina de forma a conseguir "passar" com uma nota razoável...

Nesta notícia o que mais me impressionou foi a declaração de um senhor chamado Nuno Crato, da Sociedade Portguesa de Matemática que diz o seguinte:
" A formação dos docentes do Ensino Básico está cheia de ideais românticos e errados que a criança deve aprender segundo o seu ritmo".
Gostava de ouvir este senhor explicar esta afirmação de uma forma mais concreta, principalmente porque não acho que isso aconteça sempre.
No 1º ano de escolaridade e de acordo com alguns métodos de ensino, as crianças aprendem e (na minha opinião) devem aprender segundo o seu ritmo. Não tem qualquer fundamente estar a impôr a um conjunto de crianças (todas diferentes entre si) determinada matéria ou assunto sem que estas tenham aprendido e assimilado as bases para poderem continuar as suas aprendizagens. Um exemplo: não posso ensinar a uma criança a multiplicação nem obrigá-la a decorar a tabuada se ela antes não tiver percebido que a multiplicação não é mais que uma adição sucessiva de parcelas iguais... é por esta razão que a maioria dos alunos não consegue decorar a tabuada, porque não compreendem o seu mecanismo.
Portanto, na minha opinião, o que o senhor Nuno Crato disse não tem qualquer razão de ser.

Penso que o cerne desta questão está na formação que as Escolas Superiores de Educação dão aos futuros professores.
É inadmissível que professores do 1º ciclo do Ensino Básico cheguem ao último ano de curso onde têm de fazer um estágio intensivo em escolas públicas ou privadas, e não conheçam os materiais estruturados que existem para o ensino da Matemática. Digo isto porque, desde há 3 anos que recebo estagiárias da instituição onde fiz o meu curso e tenho vindo a reparar que a formação ao nível da Didáctica da Matemática está a piorar a olhos vistos.
Como podem começar a dar aulas se não conhecem materiais como o Cuisenaire, o MAB, o Tangram, os Geoplanos ou os Blocos Lógicos?
Todos estes materiais são fundamentais para as aprendizagens iniciais sobre a numeração, decomposição de números, noção de espaço, áreas, figuras geométricas, etc... São estes materiais que permitem a compreensão de conceitos, às vezes, bastante abstractos para as crianças e são eles que de certa forma, ajudam a desmitificar a ideia de que a Matemática é uma disciplina aborrecida e difícil.
No entanto, não oiço falar numa revisão dos planos de estudos das Escolas Superiores de Educação e também não vejo muito interesse da parte dos professores estagiários em procurar informação sobre estes e outros assuntos. Há uma acomodação tanto de um lado, como do outro e depois querem que os resultados apareçam...




























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