29.4.04

Ontem de manhã...

...fomos ao Mercado e comprámos fruta.




De tarde, esta salada foi o nosso lanche.

Acho que nunca os vi comer fruta com tanta satisfação.
Todos quiseram repetir.

Constatação

Chego sempre cansada. Quase todos os dias é assim.
Na escola, digo para mim própria que quando chegar a casa vou deitar-me um bocadinho, baixar os estores e na claridade ténue do quarto, fechar os olhos e esquecer por alguns momentos todos os sons e ruidos que fazem parte do meu dia-a-dia. Mas não consigo. Há sempre muito para fazer. Há sempre mais tempo para os gestos rotineiros do dia-a-dia, gestos necessários mas que não trazem nada de novo ao nosso viver.
Não, não preciso de mais tempo. Não preciso de dias de 48 horas. Preciso de sim de me convencer que o tempo também deve ser gasto em tudo aquilo que não parece tão importante e que no fundo, nos faz sempre mais felizes.

28.4.04

Porto



Foz do Douro, Porto, 2001


Sempre gostei muito do Porto. Quando o afirmo, as pessoas daqui de Lisboa ficam (quase) sempre muito admiradas e falam numa cidade suja e escura. Nunca tive essa opinião; de todas as vezes que estive no Porto achei que esta cidade apesar de não ser tão luminosa como Lisboa, não deixa de ser acolhedora e revela-se muito nas pessoas que ali vivem. Para além disso, o Porto tem muitos recantos, sítios de aconchego e alguma solidão. É por tudo isto que voltar a esta cidade é sempre bom.

26.4.04

...

É mais fácil dizermos adeus quando dizemos olá a todas as recordações.

Eduardo Sá

25.4.04

25/04/1974

Mesmo assim, para Susana, o 25 de Abril é “mais um feriado�.
Não fico agarrada ao histórico, sou mais uma mulher de futuro do que de passado
.

Susana Machado, 31 anos
In Publica


Não, o 25 de Abril não pode ser mais um feriado. Não pode cair no esquecimento, não pode passar ao lado de todas as pessoas.
Custa-me saber que há pessoas que encaram o 25 de Abril assim, como se fosse um feriado qualquer e não tivesse qualquer importância. Custa-me ainda mais porque também são essas pessoas que estão a usufruir de ideais e possibilidades que antes não existiam.
E não é por comemorar esta data que estamos agarrados ao passado, pelo contrário. Ao relembra-la estamos também a olhar para o futuro, para as novas possibilidades que todos os dias surgem. Estamos a valorizar tudo aquilo que antes de 1974 não existia.

Nasci três anos depois mas a minha infância foi marcada pelas músicas da revolução, pelos artistas que a fizeram.
Cresci a ouvir Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco. Cresci a ver o meu pai com os olhos rasos de lágrimas sempre que na televisão passavam as imagens deste dia, cresci com as histórias de dois anos passados no Ultramar, cresci a ouvir os poemas do José Carlos Ary dos Santos. Cresci com os vinte cinco cravos que apareciam na jarra verde da sala todos os anos, por esta data.
E cresci a emocionar-me também com as imagens da revolução. Como hoje. O dia em que, pela primeira vez, fui eu a comprar os vinte e cinco cravos.


Quanto às futuras gerações, alguém tem de lhes lembrar o 25 de Abril, mas não de forma politizada. Ao Estado cabe assinalá-lo quase como um bip regular, o bater de uma pulsação.

Miguel Ribeiro, 31 anos
In Publica

...

Há dias em que tudo se parece conjugar serenamente só para nós - o sol, os sorrisos, os olhares, as notícias, o tempo,a disponibilidade, a vontade e os gestos.
Há dias que nos pertencem mais do que outros e hoje (desculpem-me o egoísmo), o dia foi meu.

23.4.04

Aqueles Livros

[um post sugerido aqui]

Pequenos Vagabundos, Gianni Rodari
O Perfume, Patrick Suskind
Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago
Este é o Meu Corpo, Filipa Melo
Resposta a Matilde, Fernando Namora
Aparição, Vergílio Ferreira
O Meu Pé de Laranja Lima, José Mauro de Vasconcelos
A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson pela Suécia, Selma Lagerlöf
Um Mover de Mão, Vasco Gato

:)

Eu sei que vocês não têm nada a ver com isso mas, estou muito, muito bem-disposta!

21.4.04

...




Em noite de arrumações a gaveta fica vazia e a memória enche-se de outros tempos.

20.4.04

...

A vida pode ser diferente, sem deixar substancialmente de ser a mesma.

in Chá de Menta

19.4.04

Artistas de palmo e meio



J., 6 anos
És tu, professora!
(Mas eu não sou loura...)



A., 6 anos
É uma coruja.



A., 7 anos
É a mãe pássaro e os filhotes vão atrás.



D., 7 anos
É o Universo. Um foguetão saiu da Terra e vai para Marte. E isto aqui amarelo é o fogo.



E., 7 anos
É uma ficha parecida com as que fazemos.
- Mas, eu ainda não vos ensinei estas contas!
Mas eu sei! São iguais às pequenas! Mil mais mil, dois mil; quatro mil mais quatro mil, oito mil...

18.4.04

Página 31

Por curiosidade fui ver qual era a primeira frase desta página...

O código genético, disso a que, sem pensar muito, nos temos contentado em chamar natureza humana, não se esgota na hélice orgânica do ácido desoxirribonucleico, ou adn, tem muito mais que se lhe diga e muito mais para nos contar, mas essa, por dizê-lo de maneira figurada, é a espiral complementar que ainda não conseguimos fazer sair do jardim-de-infância, apesar da multidão de psicólogos e analistas das mais diversas escolas e calibres que têm partido as unhas a tentar abrir-lhes os ferrolhos.

Não é difícil descobrir de que livro é, pois não?

Depois de ver a Paixão de Cristo...

... o que fica?

Nada, ou quase nada.
Não me surpreendeu e não me chocou mais do que outros filmes que já vi.
E pouco mais há para dizer.

17.4.04

Ultimamente...

... tenho andado um pouco arredada das questões nacionais. Não tenho visto os telejornais e poucas vezes tenho passado os olhos pelas publicações da imprensa nacional. No entanto, hoje, houve uma pequena crónica no DN que me chamou à atenção. Mas já lá iremos.

Das poucas vezes que olhei para o televisor, vi o escritor José Saramago a dar um aperto de mão a Durão Barroso e pensei: " Não me digas que o nosso Primeiro-Ministro pediu desculpas ao Saramago publicamente?" E pensei isto porque algumas semana antes li na Visão, na primeira entrevista que o escritor deu a propósito do Ensaio sobre a Lucidez, o que passo a citar:
V: Como vai o mal de amor de Pátria de José Saramago?
JS: O mal de amor de José Saramago pela pátria é conhecido. pago todos os impostos em Portugal e voto em Portugal. Se não vivo em Portugal é porque fui maltratado, publicamente ofendido pelo Governo de Cavaco Silva, de que era secretário de Estado da Cultura Santana Lopes e subsecretário Sousa Lara. E no governo a que pertencia Durão Barroso, não se levantou uma única voz dizendo isto é um disparate, isto não se faz! Outro dia alguém falou no caso ao primeiro-ministro, que disse querer arrumar o assunto: vinha a Espanha e teria muito gosto em almoçar comigo. Assim, durante o almoço, provavelmente entre a fruta e o queijo, ele diria “vamos pôr uma pedra sobre o assunto, não se fala mais nisso�; e eu diria, “sim senhor, vamos pôr�. Só que comigo as coisas não são assim. Ofensa pública, desculpas públicas.


Infelizmente, não sei de facto quais foram as palavras proferidas pelo Durão Barroso sobre esta questão no tal almoço que ocorreu em S. Bento. Não sei se houve desculpas públicas, mas pelo menos assim parece agora que leio a crónica de Vasco Pulido Valente no DN.

Não tirando o mérito às obras de Saramago (pelo menos àquelas que já li), acho tudo isto uma grande estupidez: desde as ofensas de Sousa Lara, passando pela atitude de rejeição da Pátria do escritor e acabando no almoço de reconciliação com o actual Primeiro-Ministro. Uma mistura de hipocrisia com cinismo.
E como diz Vasco Pulido Valente, Saramago vai ganhar com isto o patrocínio oficial para a sua «beatificação» literária. O governo, acha ele, vai ganhar fama de liberal e culto.

15.4.04

...

Devia arrumar a secretária. Devia escolher a papelada que trago na pasta e organiza-la nos dossiers. Devia começar a pensar nas aulas da semana que vem e fazer as planificações. Devia começar o meu relatório de progressão na carreira que tenho de entregar em finais de Junho.
Devia tanta coisa... mas não me apetece. E não pensem que se trata de um ataque de incompetência... é mesmo só a minha vontade que hoje não está virada para as responsabilidades de curto e médio prazo.
Amanhã passa.

13.4.04

...

Quando oiço Los Hermanos, o inevitável acontece...

...é que mesmo sem a conhecer, lembro-me sempre da Ana.

Lembro-me...




...dos dias de férias de Verão que passava em casa da minha avó. Juntava-me ao meu primo Nuno e preparávamos imensas brincadeiras que deixavam a nossa avó nervosa e bastante preocupada.
Logo de manhã fazíamos uma corrida à capoeira para irmos buscar os ovos ainda mornos no meio das palhas sujas das galinhas. Felizmente, nunca deixámos cair nenhum mas conseguimos partir uma pata a uma galinha enquanto tentávamos que ela voasse mais de dois metros... escusado será dizer que nessa noite houve canja para o jantar…
Nos dias em que a nossa avó cozia pão no enorme forno de lenha, tínhamos sempre uns pãezinhos mais pequenos para nós e com eles preparávamos o nosso lanche especial. Partíamos os pães às fatias, barrávamos as fatias com manteiga Planta e deitávamos por cima uma boa camada de açúcar branco. Depois regalávamo-nos com aquele petisco. Eu, só parava quando já estava enjoada de tanto açúcar...

Às vezes também acompanhávamos os nossos avós nas actividades da quinta: o meu primo Nuno ordenhava as ovelhas e, enquanto ele bebia o leite ainda morno, eu fazia inúmeras tentativas nos pobres animais para que algum leite saísse das suas tetas, mas nunca fui bem sucedida...
Nos dias de regar o milho, jogávamos à apanhada no meio do milheiral. Descalçávamo-nos e andávamos com os pés dentro da água a fugir um do outro enquanto a nossa avó gritava para que tivéssemos cuidado e não partíssemos nenhuma cana de milho. Nesses dias ficávamos sempre com a pele dos braços vermelha de tanto roçar nas folhas do milho e mais tarde sentíamos uma comichão tremenda que demorava a passar.
Quando estava muito calor despejávamos o tanque e voltávamo-lo a encher com a água gelada e limpa do poço que havia atrás da casa. Depois de algumas horas enfiados no tanque, tremíamos de frio e ficávamos com a pele enrugada mas nessa altura a temperatura da água não tinha nenhuma importância e o que interessava era brincar, brincar e brincar.
De noite o tempo também era longo… Quando os adultos nos deixavam, estendíamos uma manta no pátio em frente à casa e deitados de barriga para cima, olhávamos o céu carregado de estrelas e contávamos as estrelas cadentes que cortavam o céu.

Às vezes tenho saudades deste tempo e apetece-me fazer tudo isto de novo.
Vamos, Nuno?

7.4.04

Incomoda-me...

...o sabor doce na boca.
Encho uma garrafa de água e bebo-a de um trago.

Porque é que será que a água bebida assim sabe melhor?

6.4.04

?

Será que foi desta que a Primavera chegou?