...dos dias de férias de Verão que passava em casa da minha avó. Juntava-me ao meu primo Nuno e preparávamos imensas brincadeiras que deixavam a nossa avó nervosa e bastante preocupada.
Logo de manhã fazÃamos uma corrida à capoeira para irmos buscar os ovos ainda mornos no meio das palhas sujas das galinhas. Felizmente, nunca deixámos cair nenhum mas conseguimos partir uma pata a uma galinha enquanto tentávamos que ela voasse mais de dois metros... escusado será dizer que nessa noite houve canja para o jantar…
Nos dias em que a nossa avó cozia pão no enorme forno de lenha, tÃnhamos sempre uns pãezinhos mais pequenos para nós e com eles preparávamos o nosso lanche especial. PartÃamos os pães à s fatias, barrávamos as fatias com manteiga
Planta e deitávamos por cima uma boa camada de açúcar branco. Depois regalávamo-nos com aquele petisco. Eu, só parava quando já estava enjoada de tanto açúcar...
Às vezes também acompanhávamos os nossos avós nas actividades da quinta: o meu primo Nuno ordenhava as ovelhas e, enquanto ele bebia o leite ainda morno, eu fazia inúmeras tentativas nos pobres animais para que algum leite saÃsse das suas tetas, mas nunca fui bem sucedida...
Nos dias de regar o milho, jogávamos à apanhada no meio do milheiral. Descalçávamo-nos e andávamos com os pés dentro da água a fugir um do outro enquanto a nossa avó gritava para que tivéssemos cuidado e não partÃssemos nenhuma cana de milho. Nesses dias ficávamos sempre com a pele dos braços vermelha de tanto roçar nas folhas do milho e mais tarde sentÃamos uma comichão tremenda que demorava a passar.
Quando estava muito calor despejávamos o tanque e voltávamo-lo a encher com a água gelada e limpa do poço que havia atrás da casa. Depois de algumas horas enfiados no tanque, tremÃamos de frio e ficávamos com a pele enrugada mas nessa altura a temperatura da água não tinha nenhuma importância e o que interessava era brincar, brincar e brincar.
De noite o tempo também era longo… Quando os adultos nos deixavam, estendÃamos uma manta no pátio em frente à casa e deitados de barriga para cima, olhávamos o céu carregado de estrelas e contávamos as estrelas cadentes que cortavam o céu.
Às vezes tenho saudades deste tempo e apetece-me fazer tudo isto de novo.
Vamos, Nuno?