17.4.04

Ultimamente...

... tenho andado um pouco arredada das questões nacionais. Não tenho visto os telejornais e poucas vezes tenho passado os olhos pelas publicações da imprensa nacional. No entanto, hoje, houve uma pequena crónica no DN que me chamou à atenção. Mas já lá iremos.

Das poucas vezes que olhei para o televisor, vi o escritor José Saramago a dar um aperto de mão a Durão Barroso e pensei: " Não me digas que o nosso Primeiro-Ministro pediu desculpas ao Saramago publicamente?" E pensei isto porque algumas semana antes li na Visão, na primeira entrevista que o escritor deu a propósito do Ensaio sobre a Lucidez, o que passo a citar:
V: Como vai o mal de amor de Pátria de José Saramago?
JS: O mal de amor de José Saramago pela pátria é conhecido. pago todos os impostos em Portugal e voto em Portugal. Se não vivo em Portugal é porque fui maltratado, publicamente ofendido pelo Governo de Cavaco Silva, de que era secretário de Estado da Cultura Santana Lopes e subsecretário Sousa Lara. E no governo a que pertencia Durão Barroso, não se levantou uma única voz dizendo isto é um disparate, isto não se faz! Outro dia alguém falou no caso ao primeiro-ministro, que disse querer arrumar o assunto: vinha a Espanha e teria muito gosto em almoçar comigo. Assim, durante o almoço, provavelmente entre a fruta e o queijo, ele diria “vamos pôr uma pedra sobre o assunto, não se fala mais nisso�; e eu diria, “sim senhor, vamos pôr�. Só que comigo as coisas não são assim. Ofensa pública, desculpas públicas.


Infelizmente, não sei de facto quais foram as palavras proferidas pelo Durão Barroso sobre esta questão no tal almoço que ocorreu em S. Bento. Não sei se houve desculpas públicas, mas pelo menos assim parece agora que leio a crónica de Vasco Pulido Valente no DN.

Não tirando o mérito às obras de Saramago (pelo menos àquelas que já li), acho tudo isto uma grande estupidez: desde as ofensas de Sousa Lara, passando pela atitude de rejeição da Pátria do escritor e acabando no almoço de reconciliação com o actual Primeiro-Ministro. Uma mistura de hipocrisia com cinismo.
E como diz Vasco Pulido Valente, Saramago vai ganhar com isto o patrocínio oficial para a sua «beatificação» literária. O governo, acha ele, vai ganhar fama de liberal e culto.




























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