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Assusta-me esta ideia.
Assustam-me as dúvidas, as indecisões que me perseguem e até as poucas certezas que ainda tenho.
Assusta-me saber que vou ter de escolher uma escola onde terei de dar aulas, obrigatoriamente, durante três anos e que aconteça o que acontecer terei de lá permanecer durante esse período de tempo.
Assusta-me esta estabilidade fingida que [na maior parte dos casos] só trará ainda mais tristezas, desencantos e infelicidades a todos aqueles que preferem a mudança, que preferem arriscar algumas vezes a ficar num sítio onde não se sentem bem.
Assusta-me cada vez mais o desajuste que se tem vindo a verificar entre as medidas do Governo e as necessidades reais das escolas e dos alunos - criação de turmas com currículo próprio de forma a excluir cada vez mais os alunos que possuem dificuldades e a criar um desnível em termos de equidade? E ainda, a implementação de planos de recuperação que pouco ou nada vêm acrescentar ao que realmente já é feito em muitas escolas, como se fosse uma medida de extrema originalidade?


*Nota ( mais ou menos) utópica:
A estabilidade dos corpos docentes nas escolas não deveria ser conseguida à força, por imposições de concursos e regras descabidas. Deveria ser um processo natural, estabelecido a partir de grupos de professores coesos e unidos num projecto educativo comum, com objectivos e estratégias de acção bem delineados e onde todos se sentissem bem, com vontade para trabalhar e dar o seu melhor. Claro que isto implicaria dar mais autonomia às escolas, em descentralizar certas questões ainda dependentes do poder central, em mudar algumas práticas de sala de aula e em cuidar de outras... mas já há escolas a trabalhar assim. Vejam este vídeo.