25.7.05

a [minha] familia

[Hoje descobri que nos falta uma foto de familia, de toda a familia. Uma foto daquelas, com os avós, pais, tios e primos direitos, que reúna todos os sorrisos que me acompanhaam desde sempre.]

Adoro a minha familia. São o meu porto seguro. Pessoas simples com um coração enorme, como a minha avó paterna que chora sempre que voltamos a Lisboa e nos faz trazer pão, mais algumas cebolas, as batatas, a fruta, os bolos de azeite que faz ou os bolbos de flores que lhe peço todos os anos para plantar lá na horta da escola. Ou como o meu avó paterno que nos dias de festa se emociona sempre à custa de algum vinho a mais e do fado que vai cantando noite fora. Nessas alturas fala-me sempre de França, dos pinheiros que cortou, das noites que passou sem dormir, das saudades que sentia de casa... e as lágrimas correm-lhe cara abaixo e no fim diz sempre que está muito feliz por nos ter todos ali.

A minha bisavó. Faz 102 anos em Outubro. Já não ouve bem mas tem uma lucidez que ainda me surpreende e continua a dar palpites em todas as conversas feitas à roda do fogão. Quando lhe pergunto como está, diz quase sempre que já não está cá a fazer nada, que era tempo de ir para o outro lado. E abraça-me sempre como se fosse a última vez que me visse. É o abraço mais forte da casa.

Os meus pais. O apoio de sempre, a ajuda constante. Têm sido incansáveis comigo e com a minha irmã. Orgulho-me muito deles, muito mesmo... [e não preciso dizer mais]

A minha mana. Cinco anos de diferença nas idades. Formas de pensar um bocadinho diferentes, feitos completamente opostos. Ela muito extrovertida, eu mais introvertida. Sempre discutimos muito mas o que nos une é mais forte e nunca ficámos zangadas. É muito meiga e tem um jeito especial com crianças. Escreve muito bem, é o dom dela.

Os meus tios, irmãos do meu pai.
A minha tia L. tem uma enorme força de viver, é uma optimista por natureza. Apesar de todas as contrariedades da vida, encontrei-a sempre a sorrir, sempre com uma palavra amiga. Gostava de ter a força dela, de me agarrar sempre às coisas boas e de nunca desistir, como ela faz. E depois, é a ternura em pessoa ou não trabalhasse ela num lar de idosos e afirmasse com toda a convicção que adora o que faz.

Tio F. O mais novo dos meus tios, um espírito jovem, alegre e divertido. Uma pessoa muito responsável, pragmática e trabalhadora. Foi ele que me deu a minha primeira caneta na escola primária, no 1º ano, uma caneta verde e branca.
[É incrível como a memória guarda estes pedacinhos do passado]
Muitas pessoas confudem-no com o meu pai, são extremamente parecidos e além disso, têm um feitio muito semelhante. Casou com a rapariga mais bonita da aldeia, a minha tia. Ainda hoje os anos parecem não ter passado por ela e quem não a conhece continua a dar-lhe pouco mais de vinte cinco anos quando já tem mais de quarenta. Gosto muito dela.

A minha tia A. É surda-muda, ficou assim devido a uma meningite que teve em criança. Sem nunca ter ido à escola, sem saber ler ou escrever, é surpreendente a capacidade de comunicação que tem e a facilidade com que o faz.

Os primos.
N. - o primo mais velho, tem mais um ano que eu e já é pai. Juntos, comemos fatias de pão barradas com Planta, cheias de açúcar e pepitas de chocolate, andámos atrás das ovelhas do nosso avô que teimavam em afastar-se umas das outras, apanhámos amoras quentes do sol que comíamos logo ali, brincámos às escondidas no milheiral... e fizemos grandes asneiras, como partir uma pata a uma das galinhas da capoeira ou deixar fugir o cão que entretanto se lembrou de estragar a horta do vizinho do lado... Foi o meu grande companheiro das brincadeiras de Verão.

R. - irmão mais novo do N. Um miúdo de 23 anos muito meigo, provocador e tal como a mãe, está sempre a sorrir. É o rapaz mais vaidoso que conheço, um verdadeiro conquistador de corações e as raparigas adoram-o...

J. - A minha prima mais velha, mas com menos dez anos que eu. Reservada, tímida, mas muito divertida. Dizem que somos muito parecidas de feitio... não sei. Conversamos muito e desabafamos ainda mais uma com a outra...

A. - Irmã de J. Com catorze anos é uma miúda extremamente responsável e empenhada. Já tem objectivos definidos para a sua vida, sabe o que quer e o que não quer. Ouve todas as conversas dos adultos com atenção e tem uma grande avidez em saber mais. É muito paciente e está sempre disponível para ajudar seja quem for.

M.- a benjamim. Tem um ano. É a primeira trineta da minha bisavó.


[Não me posso esquecer de fazer a fotografia de familia este Verão]

4 Comments:

Blogger Ricardo António Alves said...

Não percas a oportunidade. A propósito: gosto do teu blogue.

27/7/05 03:04  
Blogger Unknown said...

Eu sem a minha familia não teria soportado aquilo que já vivi... são todos muito especiais cada um +á sua maneira.... e somos uma familia enormeeeeeeeeeeeee

beijinohs

3/8/05 18:22  
Blogger @Memorex said...

O corpo tem uma enorme capacidade de adaptar a todas as coisas mesmo com a perda de um dos sentidos, considero isto uma forma de inteligência!
Eu tb não ouço, mas não acho propriamente correcto chamar alguém que não tem um dos sentidos Surda Muda, pq como cada pessoa tem uma fabrica poderosa que a consciência nos apelida de Ouvinte pq Surda é apenas uma máscara falsa que a sociedade criou.

BJOKITAS

9/1/06 20:24  
Blogger @Memorex said...

Se eu fui dura nas minhas palavras peço desculpa, segundo não levei este assunto mt á letra.
Apenas dei a minha opinião e sei que n tratas a tua tia como ela sendo Surda-Muda.
Por outro lado, eu provavelmente tenho este defeito por ser muito frontal nas coisas que são propriamente ditas, contudo não foi a minha intenção ferir a surperficialidade do meu comentário apenas exprimir nela.

Mais uma vez peço desculpa, e bjokitas virtuais

9/1/06 21:02  

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