Aprendiz de Utopias
Conheci o professor José Pacheco há alguns anos atrás, quando eu e uma colega fomos a Vila das Aves visitar a Escola da Ponte. Mais tarde, voltámos a visitar a mesma escola mas em época de aulas e durante dois dias foi-nos explicado o projecto, assistimos a aulas, participámos na Assembleia de Escola e despedimo-nos com uma imensa vontade de ficar ali para sempre.
[nunca se sabe...]
Um dia descobri as suas crónicas. Textos simples e transparentes, palavras que tocam a inúmeras feridas do nosso sistema educativo mas que também dão a conhecer muitas coisas boas que acontecem na educação.
(...)
Sei que o desafio é imenso e que poderá parecer inacessível a comuns mortais. Mas não o creiam. A formação profissional não nos qualificou senão para a reprodução de um só (e inquestionável) modelo pedagógico. Ainda hoje, chegam às escolas professores que não sabem por que fazem o que fazem, e que não fazem algo diferente por não terem sequer uma ideia do que seria possível ser feito. Por mais exagero que possa parecer ter posto na afirmação, é esta a dura realidade. Mas acredito que os professores são capazes de transcender os erros cometidos na sua formação.
O Nunziati dizia que "não há mudanças nos nossos modos de fazer sem uma transformação nos modos de pensar". E, em contraponto com o desabafo do Alberto, um velho professor, que não envelheceu profissionalmente, disse-me: "Há muitos anos, eu percebi que era um desqualificado com canudo. Admiti que nada sabia de ser professor, algum tempo depois de ter saído da escola do Magistério. Nesse tempo, a compreensão da dimensão do meu drama assustou-me. Reagi fugindo para a frente. Apesar das dificuldades defrontadas, preferi o caminho da autenticidade e do conflito. Recusei o fácil caminho de reproduzir o que é velho e não serve. Um dos modos de fugir para a frente foi estudar, penetrar os mistérios do fenómeno educativo. E ainda só vou no início…"
Haja esperança de novas "conversões", que não se convertam em desilusões. É preciso aprender a recomeçar. E a, serenamente, retomar o caminho que leva à cumeada, de onde se avista escolhos a transpor, novos caminhos para subir e descer e subir…
[nunca se sabe...]
Um dia descobri as suas crónicas. Textos simples e transparentes, palavras que tocam a inúmeras feridas do nosso sistema educativo mas que também dão a conhecer muitas coisas boas que acontecem na educação.
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Sei que o desafio é imenso e que poderá parecer inacessível a comuns mortais. Mas não o creiam. A formação profissional não nos qualificou senão para a reprodução de um só (e inquestionável) modelo pedagógico. Ainda hoje, chegam às escolas professores que não sabem por que fazem o que fazem, e que não fazem algo diferente por não terem sequer uma ideia do que seria possível ser feito. Por mais exagero que possa parecer ter posto na afirmação, é esta a dura realidade. Mas acredito que os professores são capazes de transcender os erros cometidos na sua formação.
O Nunziati dizia que "não há mudanças nos nossos modos de fazer sem uma transformação nos modos de pensar". E, em contraponto com o desabafo do Alberto, um velho professor, que não envelheceu profissionalmente, disse-me: "Há muitos anos, eu percebi que era um desqualificado com canudo. Admiti que nada sabia de ser professor, algum tempo depois de ter saído da escola do Magistério. Nesse tempo, a compreensão da dimensão do meu drama assustou-me. Reagi fugindo para a frente. Apesar das dificuldades defrontadas, preferi o caminho da autenticidade e do conflito. Recusei o fácil caminho de reproduzir o que é velho e não serve. Um dos modos de fugir para a frente foi estudar, penetrar os mistérios do fenómeno educativo. E ainda só vou no início…"
Haja esperança de novas "conversões", que não se convertam em desilusões. É preciso aprender a recomeçar. E a, serenamente, retomar o caminho que leva à cumeada, de onde se avista escolhos a transpor, novos caminhos para subir e descer e subir…
José Pacheco
3 Comments:
Como sabes, também sou uma apaixonada pelo que se faz e vive em Vila das Aves (e pelo professor Pacheco..e pelo professor Ademar..e pelo Rubem Alves..e..)...faz todo o sentido atravessar, daquela maneira, a Ponte. Quem dera todos os professores primários passassem por lá para ver, colher e semear por todo o país...como me parece que tu fazes. Ai..por que é que eu não fui para professora primária? ;) beijinhos, sofia
é a utopia que nos guia, pelo que é imprescindivel correr atrás dela ;)
beijo grande
A
O problema se calhar não é recomeçar. É continuar o que foi feito no passado adequando às necessidades do presente. O nosso presente pede-nos, cada vez mais, uma capacidade de ultrapassar os obstáculos por intermédio de raciocínio e capacidade de resposta. Eu noto que o sistema de ensino pouco espaço dá aos professores para ensinaremos alunos a desenvolver as suas capacidades por si próprios.
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