2.6.04

Crianças de domingo




Não sei dizer quantas vezes li este livro. Mas sei que sempre que o acabava sentia-me a criança mais feliz do mundo. Por ter uma casa, um pai e uma mãe...todos os dias da semana.


Sou uma criança de Domingo. Porque nasci num domingo. As crianças que nascem ao domingo têm sempre sorte, diz-se. Mas eu não concordo. Os domingos são tão aborrecidos aqui no Lar...

(...)

Já há muito tempo que vivo no Lar; desde sempre, parece-me. Os meus pais não puderam ficar comigo quando nasci. Ou não quiseram. Nunca ninguém me disse exactamente porquê. Somente que " as circisntâncias não eram propícias". Não faço ideia do que iso quer dizer. De início eu era demasiado pequena para perguntar, e mais tarde não me atrevi a fazê-lo. penso que eles não me quiseram. Talvez preferissem um rapaz. Mas não é justo. Quando era mais pequena andava sempre a procurar
os meus pais; quero dizer, não era bem sempre, mas nos nossos passeios ou quando íamos às compras olhava para toda a gente, principalmente quando via a passear juntos um homem e uma mulher que pareciam pais.
Era muito ingénua e esperei, esperei, mas sem resultado.

(...)


Gudrun Mebs
in Crianças de Domingo, Círculo de Leitores, Lisboa, 1986.




























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