29.2.04

Ser mãe

Há muitos anos atrás pensava eu que com a idade que tenho já teria uma família formada. Mas não. O que pensamos nem sempre se torna no futuro, seja ele próximo ou longínquo e neste momento dou por mim a ter projectos diferentes daqueles que antes julgava que iria ter.
No entanto, e desde há algum tempo que há um medo que me incomoda quase todos os dias... o medo de nunca vir a ter filhos.
Não é uma questão de egoísmo ou uma mania minha desencadeada pelas pressões sociais às quais estamos sujeitos todos os dias, é antes uma forma de ver a vida e mais que tudo, é o gostar muito crianças e querer amar a minha de uma forma especial.

Afinal de contas, ser mãe, é ser quase tudo o que uma mulher pode ser.

28.2.04

...



2002

27.2.04

Começou hoje...

...o novo regime de concursos para educadores de infância, professores do 1º, 2º e 3º ciclos.
O Ministério da Educação garantiu que este novo tipo de concurso seria mais simples e facilitaria a colocação dos professores.
Mas depois de estar algum tempo aqui, gostava que me explicassem se um formulário de candidatura com doze páginas, as instruções de preenchimento com nove páginas e o manual de candidatura electrónica com trinta e uma páginas, facilita a vida a alguém... e o ME ainda sugere que a candidatura seja feita via web...

26.2.04

O futuro de uns e de outros

Uma amiga contou-me hoje, com grande entusiasmo, que conseguiu um estágio de seis meses numa estação de televisão. Pelo que percebi, a sua função será apenas visionar alguns dos programas dessa mesma estação.

- Quanto te vão pagar? - perguntei.
- Apenas o subsídio de almoço... e já não é nada mau! - disse-me com um sorriso.

Quanto a mim, parece-me ser mais forma de exploração vergonhosa à qual a maior parte dos licenciados em Comunicação Social estão sujeitos neste país. No entanto, perante o desânimo que lhe pressentia todos os dias no olhar causado por um plano de estudos de um curso mal organizado e também pela falta de perspectivas futuras, talvez esta seja uma forma de começar. Talvez esta oportunidade lhe mostre outros caminhos e algumas portas que têm de se saber abrir devagarinho e com algum engenho.

Afinal...

... não podemos esperar das pessoas o que elas não nos podem dar. Mas às vezes custa fazer do óbvio uma verdade absoluta...

24.2.04

Para ver...

...antes de dormir.



23.2.04

"Chegadas"

O local das "chegadas" dos aeroportos é um local de emoções.
Antes de tudo há espera, a ansiedade de ver e de tocar quem ainda não chegou. Há o olhar cruzado de pessoas se procuram entre carrinhos cheios de bagagem. Depois, há aquele momento que se antecipa, há um caminho feito para o outro entre os sorrisos que crescem enquanto as pessoas se aproximam. E no fim, há os abraços que envolvem e as palavras que aconchegam.

E é impossível ficar indiferente a tantos encontros sem deixar de engolir em seco ou de ficar com os olhos encharcados, ansiando também pela hora em que daquele lado da rampa, as pessoas que me são mais queridas vão chegar.

...




Esta pintura foi um dos presentes mais bonitos que já recebi.
E veio do outro lado do Mundo...

Prosema III

"Querida Joana

Como sabes, eu estou preso mas também não sou um homem mau. Viste como foi. Não sejas rabugenta e ajuda o Pedro. Se ele estiver birrento lembra-te que ainda é um bebé e tu mais crescida que ele. O que eu não gosto é que sejas egoísta porque é muito feio. Se algumas das tuas amigas querem tudo para elas deixa lá. Elas fazem mal mas tu não. Explica-lhes que não deve ser egoístas. Tem cuidado com os sugus e outras porcarias iguais porque podes ficar sem dentes. Depois, mesmo que os queiras ter já ninguém te os pode pôr. Ficas como os velhinhos. Alguns deles tinham a mania de comer guloseimas, gelados e caramelos. E também chocolates.

Eu lembro-me muito de ti e do Pedro. O Zé ainda não cortou as barbas? Diz à Lena que eu não gosto que ela seja desarrumada. Todos têm que ajudar a mãe e a Dina.

Muitos beijos do Zeca Pai"


Caxias, 13-05-1073

José Afonso
in Textos e Canções, Assírio e Alvim, Lisboa, 1983.

Me Dueles

Mansamente, insoportablemente, me dueles.
Toma mi cabeza. Córtame el cuello.
Nada queda de mí después de este amor.

Entre los escombros de mi alma, búscame,
escúchame.
En algún sitio, mi voz sobreviviente, llama,
pide tu asombro, tu iluminado silencio.

Atravesando muros, atmósferas, edades,
tu rostro (tu rostro que parece que fuera cierto)
viene desde la muerte, desde antes
del primer día que despertara al mundo.

¡Qué claridad de rostro, qué ternura
de luz ensimismada,
qué dibujo de miel sobre hojas de agua!

Amo tus ojos, amo, amo tus ojos.
Soy como el hijo de tus ojos,
como una gota de tus ojos soy.
Levántame. De entre tus pies levántame, recógeme,
del suelo, de la sombra que pisas,
del rincón de tu cuarto que nunca ves en sueños.
Levántame. Porque he caído de tus manos
y quiero vivir, vivir, vivir.

Jaime Sabines

20.2.04

E...

...depois de um dia cheio de máscaras, com direito a desfile pelas ruas da cidade; depois de ouvir a criançada a cantar tudo o que lhes vinha à cabeça, inclusivé algumas músicas das Doce (!!!), não há nada melhor que uma ida ao ginásio para ajudar a relaxar a cabeça e preparar o corpo para o descanso de fim-de-semana.
:o)

Em...

...reunião de Conselho Escolar, uma professora diz:

Os computadores "há-dem" chegar para a semana.

Estarei errada ou o correcto será dizer-se "hão-de"?

19.2.04

Não...

...tenho sono mas vou ter que me obrigar a dormir. Só não sei como.
Tomara que o sono dependesse da minha vontade...

17.2.04

Ontem...

...pela primeira vez, vi o "Magazine" na Dois. Surpreendeu-me a atitude tensa da AMR, o discurso demasiado rápido e o olhar pouco cuidado.
Habituei-me à grande qualidade das suas entrevistas no Dna, à envolvência que consegue utilizar com as suas palavras e tive pena de não sentir o mesmo ao vê-la na televisão. São mundos diferentes, é certo. Exigem técnicas e posturas bastante diferenciadas, mas mesmo assim, não deixo de me sentir desiludida...

...



Carnaval de 2002

16.2.04

Filmes

O meu ogre favorito vai voltar!!!
Vejam aqui!

15.2.04

Balões de água




Confisquei estes balões na sexta-feira.
Com a aproximação do Carnaval começam as brincadeiras mais atrevidas, os miúdos aparecem todos molhados e as queixas sucedem-se umas atrás das outras.
Só não entendo como é que o pais compram este tipo de brinquedos, sabendo à partida que são proibidos nas escolas...

...



Ericeira, 2002

14.2.04

...

Estamos quase no tempo do morangos... quase.
Há que saber esperar.

12.2.04

No serviço de Pediatria do IPO...

Não imaginam a diferença que faz trazer vestida uma bata aos quadradinhos azuis e brancos.
Na semana passada uma menina não deixou a enfermeira colocar-lhe o termómetro. Chorou e gritou de medo. No entanto, quando uma das voluntárias tentou logo a seguir fazer o mesmo, a criança limitou-se a levantar o braço e tranquilamente dexou-se ficar como se nada fosse.
: )

Moleskine




Ainda não vi nenhum. Pelas fotografias, parecem ser muito parecidos com as agendas que em Dezembro e Janeiro enchem as gavetas cá de casa e, se assim for, não terão qualquer piada. Até ter um na mão, continuarei a usar os cadernos de capa preta da Bertrand. Veremos.

11.2.04

...



2002

O melhor momento do dia...

... foi quando me perdi das horas numa exposição de chás no Centro Comercial Colombo.
Apeteceu-me trazer um bocadinho de todos os chás mas no fim, não trouxe nenhum. Assustei-me com o tempo que já tinha passado e fui, mais uma vez, embrenhar-me em corredores e lojas cheias de tudo e de nada.

10.2.04

Tangram

Pensa-se que este jogo teve a sua origem na China, há 4000 anos, quando o Imperador Tan deixou cair o seu espelho ao chão, partindo-se em sete bocados. Apesar do imperador ter ficado um pouco aborrecido com a perda do espelho, descobriu uma forma de se entreter e foi construindo figuras e mais figuras usando sempre as sete peças, sem as sobrepor.
Este puzzle também conhecido pela "placa das sete astúcias", permite a construção de diversas figuras a partir de sete polígonos muito simples.Além disso, também possibilita a aprendizagem de noções matemáticas como a área ou o perímetro.

7.2.04

Uma repreensão muito questionável

No Diário Digital, esta notícia:

Um homem norte-americano foi condenado a ouvir «La Traviata» de Verdi após ter sido apanhado a ouvir uma música do rapper norte-americado 50 Cent com o volume alto no seu carro.

O condutor Michael Carreras deslocava- se no seu carro com os seus amigos, de janela aberta, a ouvir o disco do rapper até ter sido mandado parar pela polícia.
De acordo com o site ananova, o condutor foi autuado por estar a violar as leis da cidade relativamente à poluição sonora.

Entretanto, Carreras foi obrigado a ouvir ópera durante duas horas.


Pelos vistos, a ópera pode ser considerada como um castigo. Em vez de a apresentarem como mais uma forma de cultura, fazem precisamente o contrário. Depois queixem-se que o jovens não ouvem outros tipos de música.

Só na América... ou talvez não.

Custa-me...

...acreditar que um dos principais argumentos colocados pela Fenprof contra a criação da ordem dos professores seja este:
«Os professores têm uma profissão que não se caracteriza pelas profissões que têm ordem. É professor quem tem vocação, quem concorreu a esta profissão, quem está colocado.»

Mas ainda acrescentam...
«Acreditamos na formação continua, na avaliação que as escolas fazem dos professores e na auto-avaliação dos professores e portanto não há nenhuma razão para uma Ordem dos Professores.»

Sendo a ordem uma entidade com características jurídicas e com competência para supervisionar e registar todas as actividades dos profissinais de algumas áreas, como os médicos, os enfermeiros, os arquitectos, os jornalistas e os engenheiros e também possibilitando uma independência em relação ao Estado, não entendo como pode uma estrutura sindical tomar esta posição.

Dizem que os professores, à partida, têm vocação... mas, e aqueles que optam pelo ensino simplesmente porque não conseguem singrar noutra área para a qual estavam mais motivados? Todos sabemos que há milhares de professores que se enquadram nesta situação e não acredito que todos estejam vocacionados para o ensino. E aqui surge a famosa questão das habilitações próprias e das habilitações suficientes...

Será que não seria mais fácil e mais justo para todos os professores, que a sua avaliação fosse conduzida por um organismo autónomo e independente do Estado? Todos os professores sabem que os relatórios que devem ser entregues durante a carreira docente, são meramente formais...
E a formação contínua? Se fosse levada a cabo pela tal ordem, talvez o empenho dos professores fosse maior e não se limitassem a fazer as acções de formação pelos créditos que precisam na progressão da carreira...

Parece-me que nesta questão, e mesmo sendo de forma indirecta, a Fenprof está a corroborar com algumas posições do actual Governo, nomeadamente em relação à questão vocacional desta profissão.

Se por um lado a Fenprof luta pela existência de concursos justos e céleres, por outro lado acrescenta que são os professores que concorrem a esta profissão - uma afirmação que tenta fazer esquecer todos aqueles que escolhem o ensino por necessidade e não por vocação e que leccionam certas disciplinas para as quais não têm a preparação devida.
Se no 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico esta situação já não ocorre, o mesmo não se pode dizer em relação ao 3º Ciclo e ao Ensino Secundário. E depois, todos se queixam.

Há demasiadas contradições. É esta a Escola que temos.

6.2.04

...



Ciro




(...)

Ora aqui estava o amor que Ciro buscava.
Não o amor feito de prendas e tolices, não o amor feito de comidas e restos.
Amor feito de telhados vizinhos.
Amor feito de comida, mas com as portas abertas.
Amor feito de brincadeiras, mas só quando nos apetece.
E então Ciro saltou para o colo do menino e ronronou muito suavemente.
- Eu não te pertenço, - dizia ele - mas posso ficar contigo.

Beatrice Masini e Ocatavia Monaco
in Ciro à procura de Amor, Livros Horizonte, 2000.

4.2.04

Colisão

Há dias de choques frontais entre palavras. E nem sempre restam sílabas para ajudar a reconstruir os diálogos inacabados...

3.2.04

Pela primeira vez...

....esqueci-me que estava dentro do comboio e a estação onde deveria sair ficou para trás.

Há sempre outras viagens mais interessantes e a de hoje chamou-se A Voz dos Deuses.

Frutos

Pêssegos, pêras, laranjas,
Morangos, cerejas, figos,
Maçãs, melão, melancia,
Ó música de meus sentidos,
Deixai-me agora falar
Do fruto que me fascina,
Pelo sabor, pela cor,
Pelo aroma das sílabas:
Tangerina, tangerina.

Eugénio de Andrade
in Aquela Nuvem e Outras, Porto, Edições Asa, 1986.