Um dia destes, numa das minhas aulas do mestrado, um dos meus professores dizia que a carreira de todos os professores é feita de altos e baixos [tal como em qualquer carreira profissional].
Dizia também que, à saÃda da licenciatura, qualquer professor se sente motivado e cheio de energia para trabalhar… com o passar dos anos, infelizmente, todo esse entusiasmo perde-se no meio do enorme mundo da educação. Alguns professores começam a ficar desencantados com o sistema educativo e começam a questionar uma série de factos, de situações. Por vezes questiona-se mesmo a própria escolha que se fez e o trabalho realizado na sala de aula começa a não ser tão gratificante quanto antes.
Trabalho há seis anos no ensino. É pouco tempo, bem sei. Escolhi esta profissão porque quis, porque tive oportunidade de o fazer e nunca, nestes seis anos, me arrependi alguma vez de o ter feito. Gosto muito do que faço, muito mesmo e sinto-me uma pessoa cheia de sorte por ter o privilégio de trabalhar com crianças.
Como todos bem sabem, este ano começou mal. As colocações dos professores geraram muitas ansiedades e preocupações. Muitos professores começaram o ano lectivo com os nervos à flor da pele, cansados e sem a energia habitual de um inÃcio de ano lectivo… mas isso já são águas passadas.
Este ano também começou mal para mim, não só pelo facto de ter sido colocada muito tarde mas também por saber que isso poderia influenciar a minha matrÃcula no mestrado. Mas arrisquei. E quando tudo parecia correr bem, apesar do acréscimo de cansaço, apesar das noites mal dormidas, eis que de um momento para o outro me vejo numa situação por mim impensável e que me irá dificultar grandemente a conclusão da parte curricular do curso.
Hoje sim, estou desencantada. Sinto-me como estivesse a descer uma montanha russa a alta velocidade, e de um momento para o outro tudo aquilo em que acreditei parece que deixou de fazer sentido.
Ainda hoje estava a conversar sobre este assunto com o coordenador da minha escola e ele dizia-me que antes era uma pessoa cheia de ideias e de projectos, um professor com dinamismo e energia, mas que a sua vida profissional e todos os problemas que nela surgiram o levaram a acomodar-se a certas situações. Dizia-me isto com uma certa tristeza e conhecendo-o eu há 3 anos, percebi também que não era uma situação que lhe agradava… mas foi-se embora com um encolher de ombros.
E eu pergunto-me, será que também eu vou ficar acomodada? Será inevitável este baixar de braços perante uma enorme complexidade de questões existentes no sistema de ensino português, nas escolas e nas próprias salas de aula? Será que o que estou a sentir agora é o começo para um fim anunciado?
Eu quero acreditar que não. E todos os dias de manhã, penso que o melhor é continuar em frente apesar de todas as contrariedades que existem este ano, apesar de, às vezes, me apetecer desistir, apesar de saber que não será fácil.
[E desculpem-me o longo desabafo, mas saiu de rajada…]