31.12.03

Ao som...

...de Adagio for Strings, de Samuel Barber

Chegou o tempo de parar. A insistência pode tornar-se demasiado corrosiva e acabar com as verdades que ainda restam entre duas pessoas.

30.12.03

...

As noites são traiçoeiras. Deitam por terra toda a felicidade e levantam uma penumbra opaca entre as pessoas.

Descobri...

...os Deep Forest.

Uma banda formada por dois músicos franceses - Michel Sanchez e Eric Mouquet - que pesquisa a sonoridade da voz humana em diversas partes do mundo.
Desde a �frica, à Europa de Leste, passando pela América do Sul e sem nunca esquecer algumas tribos nómadas, os Deep Forest recolheram hinos de alegria, cânticos de tristeza, canções de esperança e orações e, juntamente com algumas sonoridades mais contemporâneas, criaram uma mistura que na maior parte dos casos é simplesmente fantástica.

Oiçam aqui algumas das músicas.

E pronto.

Depois de ler todas as cláusulas do empréstimo, depois de me saber mutuária, depois de várias assinaturas, depois de três cheques passados, depois de ter as chaves na mão... já posso dizer que tenho uma casa.

(...)

Entretanto o meu canário não pára de cantar e até parece mais feliz do que eu...

29.12.03

E depois...

...de quatro longos meses com idas quase semanais ao banco, com telefonemas, com palavras e conversas, com burocracias infindáveis... eis que (quase) chega o dia da última assinatura.
A partir de amanhã terei uma casa. A minha casa.

(...)

E antes que me esqueça...

...peço desculpa a todos aqueles que fizeram comentários neste blog. O sistema de comentários mudou devido a razões de força maior.

...

É estranho saber que a partir de amanhã toda a minha vida vai mudar.

28.12.03

...

O regresso pode sempre trazer algo de novo.

Boa noite.

24.12.03

...

Feliz Natal!

23.12.03

História Antiga

(Porque é Natal. E porque gosto mesmo muito deste poema.)


Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.


Miguel Torga
Antologia Poética
Coimbra, Ed. do Autor, 1981

...

Já não faz sentido.

Hoje, o meu mundo está mais direito que o dos outros, que o dela, o da minha melhor amiga.
Já não tem importância que a solidão exista ou que o avesso dos dias pareça permanente. A morte consegue ser mais forte, ao ponto de nos fazer repensar atitudes, gestos, palavras e tudo aquilo que supostamente traz desgosto e infelicidade.

18.12.03

Esta...

...é a parte pior da minha profissão...

Alguém me quer ajudar a corrigir sessenta testes de avaliação?

16.12.03

Li...

...num dos comentários deste blog.

Afinal a blogosfera não é mais que um grande BB por escrito!

Será mesmo assim?

...

Estou no quarto mas na sala a televisão ainda está ligada. Daqui, oiço músicas de outros tempos e reconheço vozes que já não existem.

...

Mas a curiosidade é forte demais e todo este tempo que passou entre escrever este post e inseri-lo no meu blog , estive a passear entre o quarto e o sofá da sala.

O revivalismo nunca está fora de moda e viver os nosso passado ou mesmo o passado dos outros é sempre uma forma muito saudável de saber a que presente pertencemos.

15.12.03

...



2001

14.12.03

A ouvir...

...pela voz de Ella Fitzgerald

There's a saying old says that love is blind
Still we're often told "seek and ye shall find"
So I'm going to seek a certain girl I've had in mind
Looking everywhere, haven't found her yet

She's the big affair I cannot forget
Only girl I ever think of will regret
I'd like to add her initial to my monogram
Tell me where's the shepherd for this lost lamb

There's a somebody I'm longing to see
I hope that she turns out to be
Someone who'll watch over me
I'm a little lamb who's lost in a wood
I know I could always be good
To one who'll watch over me

Although she may not the girl some men think of
As handsome to my heart
She carries the key

Won't you tell her please to put on some speed
Follow my lead, oh how I need
Someone to watch over me
Someone to watch over me


George Gershwin & Ira Gershwin

Fim

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.


Mário de Sá Carneiro

13.12.03

Pais, presentes e crianças

Um das razões pela qual saí do colégio particular onde trabalhava, foi o facto de achar aqueles meninos e meninas demasiado mimados. É óbvio que não posso generalizar, não posso dizer que todas as crianças eram assim, mas a grande maioria optava por querer fazer tudo à sua maneira. Não obedeciam e não tinham atitudes de boa educação; para eles não existiam palavras como "obrigada", "se faz favor", e "com licença".
Eram crianças que vestiam roupas de marca, que tinham uma empregada em casa, que passavam pouco tempo com os pais e também que recebiam tudo o que lhes pediam.

E escrevo isto a propósito de um artigo que li hoje na Visão.
Fiquei estupefacta com estas afirmações:

Aos 3 anos o Mário já tinha televisão no quarto e usava roupa de marca - "Ele não liga muito ao que veste. Nós é que gostamos de o ver bonito" - admitem os pais do menino, hoje com 5 anos.

As obrigações profissionais obrigaram-no [o pai] a passar uma noite fora e a filha mais velha deixou bem claro que só permitia a sua ausência se lhe trouxesse duas bonecas. "Sinto-me um bocado culpado. Trabalho 11 horas por dia e quando chego quero dar-lhes alguns momentos de prazer. Mas acho perfeitamente natural que ela peça um brinquedo e para mim faz sentido dar-lho".

"Tenho gozo com o prazer delas [as crianças] Mas toda a gente dá muitas prendas na família. Se eu não der parece que estou cá só para educar."

Fico com a sensação que os pais não sabem dar brinquedos. Não conseguem distinguir os desejos das necessidades das crianças e muitas vezes têm dificuldade em dizer não. Parece que a forma mais fácil de compensar as crianças pela falta de tempo dos pais, é estes darem os brinquedos que os seus filhos pedem.
A consequência será apenas uma como refere a psicóloga Leonor Falé Balancho, "as crianças que só recebem habituam-se mal. Entendem a dádiva como uma obrigação. Quando chegarem à adolescência não pedem, exigem."


Uma página...

...do diário de Frida Kahlo.



Pés para que os quero
Se tenho asas para voar.


Não percam este filme.

12.12.03

Acho...

... que esta noite vou assistir a uma sessão contínua de filmes.
É o que dá ter o videoclube perto de casa.

10.12.03

...



2002

9.12.03

Gosto...

... das expressões dos meus alunos quando conto uma história. Adoro dar aulas. Gosto do chocolate quente do "Pontual". Gosto de dias de Inverno cheios de sol. Gosto de ler o DNa. Gosto das entrevistas da Anabela Mota Ribeiro e da Sandra Nobre. Gosto da escrita da Sónia Morais Santos e da forma como não se consegue desprender de si mesma quando escreve. Gosto de fotografia. Gosto muito de fotografia a preto e branco. Gosto de ler enquanto como. Gosto de dormir com três almofadas. Gosto de Sophia de Mello Breyner, de Eugénio de Andrade e de Al Berto. Gosto de cinema. Gosto de me sentir rodeada de pessoas amigas. Gosto muito, muito da minha família. Gosto de ajudar. Gosto de dar. Gosto de surpresas. Gosto da "Beatriz" da Maria João e do Mário Laginha. Gosto de Adriana Calcanhoto. Gosto de Roger Waters. E também de Craig Armstrong. Gosto de concertos acústicos. Gosto da intimidade. Gosto de partilhar. Gosto de descobrir. Gosto de fazer todo o tipo de bolos e doces. Gosto de escrever neste blog. Gosto de saber que alguns de vocês me lêem quase todos os dias. Gosto de receber cartas. Gosto que me mexam nas mãos e no cabelo. Gosto de comboios. Gosto de Portugal. Gosto de desporto. E gosto de praticar desporto. Gosto muito de ver os Jogos Olímpicos. Gosto de pastilhas com sabor a morango. Gosto de Sugus. Gosto de honestidade. E de generosidade. Gosto de ler. Gosto de ler os vossos blogs. Gosto do Porto, de Braga e de Coimbra e claro... de Lisboa. Gosto do bulício desta cidade. Gosto das noites à lareira na casa da minha avó. Gosto de ter a casa cheia de pessoas. Gosto de relógios. Gosto de sentir o tempo a passar devagar nos dias em que não faço nada. Gosto das tostas do "Papalagui". Gosto de memórias escritas para que nunca as possa esquecer. Gosto de água, de rios, do mar. Gosto de férias passadas longe de Lisboa. Gosto de coleccionar marcadores de livros. Gosto de abraços apertados. Gosto da sensação de dizer "a minha casa". Gosto da simplicidade. Gosto ouvir. Gosto de guardar tudo. Gosto de sentir o prazer da antecipação. Gosto de andar a pé. Gosto dos meus amigos. Gosto de sorrisos espontâneos. Gosto de colher cerejas. Gosto de bares irlandeses em Lisboa. Gosto de Mondigliani e de Klimt. Gosto que me façam rir. Gosto de noites longas. Gosto de palavras.

...




Anotações do meu trisavô Francisco.

8.12.03

Não gosto...

...de dormir a noite inteira sem acordar uma única vez. Não gosto de adormecer tarde e saber que na manhã seguinte vou estar com olheiras e muito mal-disposta. Não gosto que as pessoas olhem as crianças de lado quando estas fazem birras na rua. Não gosto de ver os pais submissos às vontades das crianças. Não gosto de saber que a M. se veste sozinha todos os dias com apenas seis anos. Não gosto de me sentir nervosa. Não gosto da ansiedade e do stress. Não gosto de reuniões aborrecidas sem objectivos concretos. Não gosto de trabalhar em vão. Não gosto de injustiças. Não gosto de conversas segredadas. Não gosto do caminho que faço todos os dias para a escola. Não gosto passar os feriados a trabalhar. Não gosto de chuva. Detesto o mês de Dezembro. Não gosto do último dia do ano e muito menos do primeiro do ano seguinte. Não gosto de ouvir dizer a toda a hora "Boas Festas" sempre que entro numa loja. Não gosto das minhas mãos. Não gosto da indiferença. Não gosto de lençóis de flanela. Não gosto da arrogância de algumas pessoas. Detesto mentiras. Não gosto das praias da Linha de Cascais. Não gosto do Algarve. Não gosto de falsas acusações. Não gosto da poesia de Florbela Espanca. Não gosto do jazz de Norah Jones. Não gosto do jornalismo radiofónico do Francisco Sena Santos. Não gosto do telejornal da TVI. Não gosto do Expresso. Não gosto dos erros ortográficos que aparecem todos os dias nos rodapés dos telejornais. Não gosto que usem e abusem da boa-vontade das pessoas. Não gosto de bairrismos. Não gosto de rivalidades. Não gosto de competição. Não gosto de independência a mais. Não gosto de me sentir solitária. Não gosto de ter constantemente as mãos geladas. Não gosto de iscas, de dobrada nem de bacalhau cozido. Não gosto de saber que o filho da minha vizinha já não a visita há muito tempo. Não gosto que o carteiro deixe o aviso de recepção na caixa do correio quando eu estou em casa e lhe abro a porta. Não gosto da razão pela qual a Alice Vieira escreve. Não gosto dos livros "Uma Aventura". Não gosto de livros infantis cheios de bonecadas pirosas. Não gosto do cheiro da gasolina, nem de nada que tenha a ver com carros. Não gosto de desarrumação. Não gosto de sentir que as pessoas não acreditam. Não gosto de boatos. Não gosto de pessoas frias. Não gosto de não conseguir comprar os jornais sempre que vou para o norte. Não gosto de viagens de carro. Não gosto de ouro amarelo. Não gosto de extravagâncias.

Dizem...

...que a sabedoria popular é a mais verdadeira. Mas, ainda assim, há provérbios que estão muito longe da realidade, como este.

Mãos frias,
coração quente
amor ardente
paixão para sempre
.

5.12.03

Às 5:00 h da madrugada...

...estarei de partida para um longo fim-de-semana de trabalho.
Até segunda-feira.

Livro #



2002

Poucas pessoas gostaram deste livro.

Eu gostei, muito.

...

Gosto do Natal, mas detesto o mês de Dezembro.

...

Não me lembro do sonho que tive, mas acordei a chorar. E fiquei com um aperto no peito que durou todo o dia.

Há angústias demasiado fortes que não precisam de uma explicação racional para se compreenderem.

3.12.03

...

Devagar, devagarinho, aproxima-se a noite mais solitária do ano.

2.12.03

...

A morte é sossego e flores.
Eu acho que é um homem amarelo.
Eu, se visse a morte ao pé de mim, atirava-me da janela abaixo: antes queria morrer sozinho.


Victor Moreira, 8 anos

in, A Criança e a Vida - uma colectânea de textos infantis escolhida pela escritora e professora Maria Rosa Colaço nos anos sessenta.

1.12.03

...

"Creio profundamente que só a arte é didáctica , porque a arte não explica mas implica."

Sophia de Mello Breyner

O amor...

...por Pedro Jordão, do Epiderme

(O amor transforma qualquer espaço.)
(O amor precisa de um segundo breve para marcar as paredes que nunca o prenderão.)
(O amor perdido condena cada centímetro quadrado do chão que pisou.)
(O amor extrema cada gesto e qualquer lugar enquanto o respirarmos.)